Enviada em: 31/10/2017

Durante a segunda fase do Romantismo no Brasil, também conhecida como fase Indianista, no século XIX, o índio foi retratado como um herói nacional pela literatura. Contudo, o reconhecimento conquistado por esse importante movimento literário não foi o suficiente para alterar a forma de tratamento para com os povos nativos na sociedade. Dessa forma, faz-se necessária, ainda, a tomada de medidas para resolver os preconceito étnico e conflitos agrários enfrentados pelos povos indígenas.  Em primeiro plano, é necessário enxergar o processo colonizador, iniciado em meados de 1500, como um dos principais motivos para a realidade vivenciada por esse grupo na contemporaneidade. Isso porque a chegada dos portugueses modificou significantemente o modo de viver dos indígenas ao tomar posse de suas terras e os catequizar, tirando-os de sua fé e afastando-os de sua cultura. Segundo a FUNAI, existiam cerca de 10 milhões de índios nas terras brasileiras no início da colonização; na atualidade, porém, esse número aproxima-se de 900 mil pessoas. Já a aculturação desses povos nativos pode ser observada por meio de uma censo divulgado pelo IBGE, que contabilizou 274 línguas indígenas no país, contra as mais de mil existentes antes do descobrimento do Brasil.   Com efeito, os anos de exploração dos portugueses em relação aos nativos fragilizou a organização e a identidade dos povos nativos, o que dificulta, na atualidade, o cumprimento das leis que garantem a reparação desses danos. Apesar de terem o direito sobre as terras ocupadas assegurados pela Constituição Federal de 88, existe uma pauta ruralista que tenta limitar as demarcações de territórios indígenas apoiada por latifundiários e profissionais ligados ao agronegócio. Além disso, a cultura e organização social desses povos ainda é vista de forma negativa por parte da sociedade, pensamento que corrobora para a falta de apoio em sua luta. Criou-se o estigma, por exemplo, de que se trata de um povo preguiçoso, uma vez que os portugueses não conseguiram os forçar a serem mão-de-obra escrava, apesar dos maus tratos; ou, como descreveu Mário de Andrade, de herói sem nenhum caráter.  Urge, portanto, a necessidade de que o poder público atue para resolver a questão indígena que perdura por séculos. O poder executivo deve agilizar os processos de demarcação de terras antes que haja processos de revogação por parte da bancada ruralista, dada a importância território tem um papel fundamental no processo de formação (ou reformulação) da identidade de um povo. A FUNAI deve realizar fiscalizações periódicas para garantir que as TIs não sejam ocupadas por não-índios, além de aplicar punições sempre que necessário. Por fim, as aulas sobre a cultura indígena deve ser ampliada nas escolas, com o intuito de desconstruir o estigma dado aos índios.