Enviada em: 07/10/2018

Para o escritor britânico Oscar Wilde, que viveu no século XIX, época de esplendor do racionalismo, "O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem e/ou nação". Nesse sentido, faz-se necessário sair da inércia e engendrar - cautelosamente - medidas assertivas cujo objetivo seja combater a falsa ideia de afastamento do indivíduo frente à ética nacional. Em vista disso, é imprescindível uma análise que relacione o desejo de distanciamento do cidadão brasileiro em relação aos princípios éticos da nação, com o estereótipo  negativo que acompanha o povo brasileiro.    É preciso considerar, antes de tudo, que não há possibilidade de existência de uma ética unificada, uma vez que as ações são dotadas de sentido e finalidades específicas de cada indivíduo. Sem dúvida alguma, pelo fato das condutas serem agregadas de uma multiplicidade de fatores, elas tendem a gerar aspectos que, muitas vezes, propendem a rotular a sociedade como um todo. Nesse sentido, o estereótipo de malandro que acompanha o povo brasileiro e que é tão prejudicial à imagem do povo tupiniquim não é apenas uma visão exterior sobre o país, uma vez que a obra de Manuel Antônio de Almeida, "Memória de um Sargento de Milícias", evidência essa percepção deturpada. Com isso, não é à toa que os indivíduos brasileiros busquem contrapor uma ética  vista como prejudicial à nação.    Outrossim, as ações de um grupo específico não podem definir e, muito menos, direcionar a ética da nação. Isso porque a complexidade dos indivíduos sociais não se resume apenas à conduta, mas também à cultura. O fato é que, no Brasil, persiste uma falácia de que a corrupção, a violência e a malandragem são intrínsecas à cultura nacional, contribuindo para a naturalização de aspectos hediondos. Essa situação exemplifica o que Nelson rodriguem chamou de "complexo de vira-lata", isto é, a visão de inferioridade e negativista que a companha o brasileiro, fazendo com que  não haja uma integração nacional, um pertencimento comum. Com isso, a boa conduta tende a não passar de um idealismo fajuto e os aspectos negativos se sobressaem na visão pessimista da sociedade.    Urge, portanto, a proeminência de medidas para esse revés. Primeiramente, cabe à escola e às ONGs, em parceria, trabalhar, mediante palestras, discussões e projetos educacionais, a boa conduta dos indivíduos, demonstrando a importância das boas ações e o respeito aos princípios éticos da sociedade, a fim de que seja possível mudar o estereótipo negativo que acompanha o país. Ademais, cabe à mídia cumprir com a sua função social e, por meio de novelas, filmes e propagandas, difundir a necessidade de engajamento da população na busca por mudanças sociais, demonstrando que não é a ética nacional que está deturpada, muito menos, a cultura, mas sim a atitude de acomodação que acompanha o brasileiro. Somente assim, haverá uma boa relação do indivíduo frente à ética nacional.