Enviada em: 18/12/2018

Os últimos anos têm sido reveladores para os brasileiros, em face da transparência das investigações da Operação Lava-jato. Essa onda de corrupção abriu espaço para o debate sobre a ética no Brasil, uma vez que os políticos brasileiros são também cidadãos. Portanto, pode-se inferir que a falta de ética está presente no cotidiano e que o "homem cordial" de Buarque de Holanda é apenas um mito.       Em conformidade com essa ideia, Mario Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho escreveram a obra "Ética e vergonha na cara", na qual os autores discutem o fato de que, no Brasil, as atitudes anti-éticas estão impregnadas em todos os setores sociais — o que pode ser notado nos recorrentes subornos feitos à policiais ou na quantidade de lixo deixado nas praias e estádios de futebol. Essa generalização reflete a "banalização do mal" de Hannah Arendt, o que acarreta na negligência do indivíduo perante atos que deveriam ser reprimidos ou evitados.       Nesse sentido, os casos de investigação de corrupção — que incluem até a denúncia contra um ex-presidente da República e que também não são tão atuais, já que logo na Primeira Republica casos semelhantes  foram registrados — podem ser analisados como uma mera consequência do cotidiano brasileiro, claro, em maiores proporções. Essa afirmação corrobora com a abordagem da série "O Mecanismo, podendo entender, então, que o problema em questão é estrutural e que está intimamente relacionado com os costumes e com a educação do país, o que o torna, portanto, mais difícil de ser resolvido.       Isto posto, devem ser tomadas medidas para que esses costumes o deixem de ser. Para tanto, faz-se necessário um reforço do Ministério da Educação para fornecer materiais didáticos atualizados e regular a matriz curricular de filosofia, desde o Ensino Fundamental, afim de debater com os alunos a ética, cobrando aplicá-la, por meio de trabalhos, ao cotidiano da vida escolar e familiar. Deste modo, essas ações terão efeitos nas suas respectivas comunidades e isso terá um efeito social a longo prazo.