Enviada em: 07/04/2019

Platão, grande filósofo grego, afirmava que haveria dois mundos: o das ideias, uma espécie de subconsciente onde o conhecimento assume sua forma plena; e o mundo sensível, a realidade, em que tudo é imperfeito e volátil. Hodiernamente, a psique coletiva parece refletir sobre a ética nacional nos parâmetros do mundo sensível, apontando que ela nunca será plena. Entretanto, ao assumir isso, a sociedade se dissocia do processo de edificação da ética, degradando-a.        A semiótica é uma área estudo que procura entender a comunicação mediante seus processos cognitivos. Ela aponta que quando uma premissa é dita, sem explicitar exceções, é entendido que tal enunciação é generalizada. Desta forma, ao afirmar a famosa frase "eles são todos corruptos" e falar do "típico jeitinho brasileiro", encarnado internacionalmente em personagens como o do “malandro” Zé Carioca, é notório uma depravação da moral do Brasil, em toda sua amplitude e temporariedade, como se essa situação não tivesse possibilidade de mudança.        Outrossim, ao se excluir destes discursos, conjugando-os com sujeito indeterminado ou oculto, é manifestado uma dissociação do indivíduo perante a sociedade, como se ele não tivesse o poder de alterá-la. Entretanto, diversos sociólogos já afirmaram que as interações sociais são diretamente proporcionais, ou seja, o indivíduo muda por conta da sociedade, como Bourdieu aponta ao falar dos ideia de habitus, e a sociedade muda por conta dos indivíduos, como Marx já declarava. Portanto, o discurso negativista perante a ética também a degrada.       Em síntese, para alternar esse círculo vicioso de degradação, se faz necessário a ação estatal, conscientizando os cidadãos de seus papéis na revolução do status quo. O Estado deve intervir por meio de palestras educativas e propaganda televisivas sobre a moral coletiva, apontando que ela muda conforme a sociedade muda, sendo assim, ela pode se edificar a partir da mudança de vista da psique coletiva. Afinal, a principal característica do mundo sensível de Platão é que ele é sempre propenso a mudanças, tal como a ética é.