Enviada em: 01/06/2019

O historiador e pesquisador, Leandro Karnal, defende que inexiste qualquer sociedade desenvolvida que não preze pelo diálogo e pela ética. Nesse contexto, vê-se no Brasil que a conduta antiética e o isolamento participativo de grupos minoritários são os principais fatores que vão de encontro à lógica do pensador. Tal cenário, suscita discussões referentes às consequências dessas práticas e o papel dos diferentes agentes sociais no tocante aos princípios morais da sociedade. Nesse sentido, torna-se fundamental adotar uma postura de reconhecimento e cultivo de atitudes pró-ética no país, seja por promover um convívio harmonioso e benéfico, seja por romper com esteriótipos e estigmas nacionais.       No que concerne ao primeiro ponto, é válido salientar que o indivíduo é o principal provedor das atitudes éticas as quais impactam não só a si, mas a todo o corpo social. No tocante a essa questão, o filósofo criticista Immanuel Kant, defende como atitude ética, toda a ação que possa ser externada e universalizada. Entretanto, verifica-se no Brasil que as ações individuais afastam-se da generalização e aproximam-se da relativização, na qual o indivíduo enxerga-se como uma exceção à regra, o que dificulta a efetividade das leis e normas sociais. Desse modo,o compromisso deontológico do cidadão é corrompido quando dele abstrai-se um sentimento de impunidade e superioridade, comprometendo, por sua vez, a obtenção de uma ética nacional universalizada, a qual impossibilita o convívio harmonioso.       Já em relação ao segundo ponto, é coerente pensar que foi comum na história do Brasil a apropriação indevida e a conduta antiética, criando esteriótipos que denigrem o imaginário nacional. Quanto a isso, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda descreve, em "raízes do Brasil", o "homem cordial", esse que cria um disfarce, baseado na cordialidade, de modo a desmantelar qualquer estrutura formal e hierárquica, eliminando a barreira entre público e privado e levando ao patrimonialismo. Posto isso, essa falsa cordialidade perpetua-se até a contemporaneidade e é vista nos casos de corrupção e nepotismo na esfera pública, no qual o instrumento público é utilizado para realizar interesses privados. A ética, contudo, é capaz de reverter esse cenário exclutório, ao estabelecer a divisão entre o público e o privado, superando os estigmas patrimonialistas brasileiros e delimitando limites da autoridade.       A par do que foi exposto, cabe uma reflexão acerca de medidas capazes de promover o desenvolvimento da ética nacional. A respeito disso, é dever das escolas e liceus a adoção de programas que promovam o ensino da ética e o pensamento crítico nos estudantes. Isso pode ser feito por meio de aulas integradas de história e sociologia, palestra com especialistas, seminários e discussões entre os alunos para fomentar o senso de integração ao grupo e participação. Tudo isso com o objetivo de assegurar uma vivência ética às gerações vindouras por via da educação preventiva.