Enviada em: 12/08/2019

O cenário de corrupção na política brasileira desencadeado por ações como a Lava Jato, fez com que os cidadãos se alertassem sobre a antiética governamental. No entanto, tal discussão é feita erroneamente, uma vez que tais indivíduos não refletem o seu próprio posicionamento frente à ética nacional. Essa problemática é fruto da cordialidade social histórica e do postura popular cotidiano.   A princípio, o indivíduo brasileiro, que se diz ético, muitas vezes, é corrompido pelo coleguismo. Em Raízes do Brasil, escrito por Sérgio Buarque,o homem cordial não distingue as relações pessoas das profissionais. Em cenário análogo ao do autor, temos, como exemplo um cidadão embriagado que por sua amizade com um policial, tenta não levar multa ao ser barrado em uma blitz, evidenciando a soberania das relações pessoais. Consequentemente, essa afeição destacada por Buarque gera corrupção em todos os setores em que se faz presente, ferindo o Estado democrático de direito garantido na Constituição Federal.   Ademais, a população, muitas vezes, enxergar atitudes antiéticas com seletividade, excluindo pequenas corrupções que os indivíduos cometem no cotidiano. Segundo Leandro Karnal - historiador brasileiro - o limite da ética é o limite do campo alheio. Indo de encontro a perspectiva de Karnal, temos, por exemplo, servidores públicos que desviam quantidades de dinheiro e que não caracterizam tal ato como crime, mas como justiça por se sentirem violados pelo Estado. Entretanto, a ação dessas pessoas fere o campo alheio da mesma forma que a atuação de alguns políticos, evidenciando a seletividade sobre o que é antiético. Consequentemente, teremos uma nação caracterizada pelo paradoxo que almeja a honestidade sendo aético.   Portanto, a questão ética individual faz parte de um entrave para um cenário mais honesto no país. Dessa forma, é necessário que o Governo Federal por meio do Ministério da Educação arroje suas prerrogativas que anseiam a igualdade, aumentando a carga horária de disciplinas como a filosofia e sociologia para garantir o aumento da visão cultural, democrática e moral dos cidadãos. Talvez, dessa forma, seja possível garantir indivíduos mais éticos e honestos, quebrando o ciclo da cordialidade e garantindo a integridade constitucional por meio da educação.