Enviada em: 17/08/2018

Violência. Assaltos. Assassinatos. Sequestros. Todos os dias são noticiados inúmeros desses episódios, o que deixa a população com uma sensação de insegurança permanente, já que as tentativas para diminuir a frequência dessas mazelas sociais têm sido ineficazes. Esse contexto gera, portanto, debates sobre o armamento civil, o qual diminuiria o sentimento de impotência do cidadão. No entanto, esse recurso se mostra eficiente somente na teoria, visto que, na prática, não solucionaria o problema e acarretaria em outros, ainda mais preocupantes.         É importante, primeiramente, reconhecer que a questão da violência no Brasil é muito profunda e está calcada em outras questões, como a desigualdade social, o sucateamento da educação pública e o mau tratamento que o tráfico de drogas recebe pelo Governo. Isso significa dizer que armar a população não resolve de maneira eficaz o gigante problema que está em pauta, pois o indivíduo que comete um crime representa somente a ponta de um enorme iceberg. Defender-se de um assalto, por exemplo, não significa, necessariamente, estar seguro, uma vez que a insegurança não é causada por crimes isolados, mas por uma estrutura que os sustenta.        Além disso, ao analisar as possíveis consequências desse recurso, pode-se encontrar uma série de problemas que agravariam o estado de violência atual, posto que, fatalmente, as armas poderiam ser utilizadas em outros contextos além da defesa pessoal. Nos EUA, por exemplo, onde o porte e compra desses artigos não tem grande restrição, são comuns os casos de assassinatos ou mesmo de chacinas promovidas por civis. Casos como o assassinato coletivo na Carolina do Sul, em que nove pessoas negras foram vítimas de racismo, levado às últimas consequências, provam que facilitar o acesso da população às armas não é uma boa alternativa.         Fica claro, portanto, que o armamento de civis não deve ser uma opção a ser considerada, uma vez que se mostra um recurso perigoso e nocivo a toda a sociedade, além de não representar uma solução para o problema da violência. Desse modo, cabe ao Estado, juntamente com organizações não governamentais, pensar coletivamente nessa solução, buscando resolver a questão desde a raiz, desfazendo sua estrutura por meio do investimento na educação, nas polícias e nas políticas públicas para diminuir a desigualdade social. Só assim o problema deixará de ser mascarado para poder, enfim, ser resolvido.