Enviada em: 01/11/2017

Segundo o sociólogo Emile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um "corpo biológico" por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Logo, com o aumento nos índices de mortes por armas de fogo no Brasil, torna-se imperativo analisar as consequências do livre porte de armamento nas relações da população. Nesse âmbito, em um país com grave problema de violência urbana, o porte de armas não pode ser indiscriminado, haja vista o comportamento dos indivíduos na sociedade moderna em consonância com a necessária capacidade técnica e emocional para lidar com situações críticas em que o armamento será utilizado.            No que se refere ao comportamento do cidadão moderno, é indubitável que a sociedade brasileira vive um período de intolerância, seja política, social, religiosa. Nesse contexto, permitir que instrumentos letais sejam adquiridos livremente eleva o risco de morte dos componentes mais vulneráveis das relações, como jovens, mulheres e crianças. Comprova-se isso pelo aumento dos casos, na maioria dos Estados, de mulheres baleadas por pessoas com quem mantinham ou romperam relacionamento próximo: cônjuges,  namorados, companheiros. Mormente, conforme a máxima  do sociólogo supracitada, o acesso generalizado à armas de fogo compromete o equilíbrio de toda a comunidade.                   Outrossim, cabe salientar que, em situações críticas que ensejam o uso de arma de fogo, como na defesa pessoal ou profissional, é necessário conhecimento técnico do equipamento, bem como a capacidade emocional para utilizá-lo. Dessa forma, a simples posse da arma não garante a eficaz proteção do indivíduo. Não obstante, mesmo os profissionais treinados para uso desses instrumentos não evitam totalmente o  risco a suas vidas ou integridade física. Verifica-se isso pelo alto número de policiais mortos ou feridos, a serviço ou não, que reagiram à assaltos. Conforme divulgado pelo site G1, mais de cem policiais faleceram até outubro de 2017, no Rio de Janeiro. Nesse cenário, observa-se que a posse da arma não tem o condão de proteger seu portador.                Destarte, o porte de arma deve ser efetivamente controlado para a redução dos assassinatos no Brasil. Para isso, o Governo deve manter o desarmamento, com o propósito de controlar o acesso da população à armas de fogo e, por conseguinte, identificar com facilidade o porte ilegal. Além disso, a Polícia Federal deve realizar treinamentos obrigatórios para a concessão do porte, com o fim de capacitar e preparar quem tem direito de possuir armas de fogo. Assim, tornar-se-á possível reduzir os assassinatos no país e proteger as vulnerabilidades do "corpo biológico" que é a sociedade.