Enviada em: 12/06/2019

No filme "Os delírios de consumo de Becky Bloom", a protagonista é compulsiva por compras a ponto de embalar suas roupas à vácuo para caberem em seu armário. Fora das telas, o consumismo também se faz presente e traz consequências preocupantes para o planeta, como o excesso de lixo gerado. Nessa conjuntura, observa-se uma ineficiência estatal perante a questão, junto de uma inoperância da sociedade civil, fatores que contribuem para o agravamento do problema. Logo, medidas são necessárias para se estabelecer o consumo consciente e o descarte adequado do lixo.       A princípio, é preciso ressaltar a importância da coleta seletiva e o papel do Estado nesse sentido. Sob esse viés, segundo o Instituto Gea Ética e Meio Ambiente, catorze milhões de quilos de resíduos são coletados diariamente na capital paulista. Essa quantidade absurda de descarte é depositada em aterros sanitários sem separação, de modo que lixo eletrônico, orgânico e residencial são colocados todos no mesmo espaço, sem tratamento. Além disso, a filtragem do que é descartado permite a reutilização e reciclagem, o que diminui os recursos necessários para sua fabricação. Nesse contexto, o poder dos governantes é peça chave, pois o recolhimento do lixo é dever do município, cabendo a ele a instauração da coleta seletiva.       Somado a isso, é imprescindível frisar a relação do despejo com o consumismo da população. Partindo de uma perspectiva analítica, os sociólogos Adorno e Horkheimer ressaltaram que a compulsão pelo consumo é devido à Indústria Cultural, a qual incute nos cidadãos a necessidade de comprar determinados itens como premissa para se fazerem aceitos coletivamente. Consequentemente, as pessoas passam a consumir irrefletidamente, sem se preocuparem com o destino de tudo aquilo que é descartado e sem se questionarem sobre a necessidade de tantas compras. Com efeito, é necessário resgatar o senso crítico delas, para que não sejam influenciados pela cultura de massas e, com isso, diminuam a geração de lixo.       Fica claro, portanto, que a sociedade do consumo contribui para o agravamento do problema. Para revertê-lo, a prefeitura deve promover o descarte adequado do lixo. Isso pode ser feito instalando-se lixeiras específicas em pontos de grande circulação e caminhões que recolham, separadamente, lixo orgânico de lixo reciclável, rumo a gerar o menor impacto possível do que é jogado fora. Ademais, cabe às instituições educacionais despertar autonomia dos alunos por meio de rodas de discussão com psicólogos, exposição de documentários e teatros nos quais o senso crítico seja apurado. Isso fará com que eles se questionem antes de comprar e, assim, não consumam inconscientemente como a personagem do filme, tornando-se agentes de suas decisões e, ainda, ajudando a diminuir o lixo.