Enviada em: 13/06/2019

''Vi ontem um bicho, na imundice do pátio, catando comida entre os detritos (...). O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem''. O poema ''O Bicho'', de Manuel Bandeira, foi escrito na década de 40. Neste período, o país passava por um avanço econômico e um fortalecimento do capitalismo. Desencadeando, porém, uma série de consequências ambientais e sociais. Pois, com tal sistema, houve maior produtividade, entretanto a quantidade de lixo aumentou significativamente. Nesse contexto, a fim de atenuar tal problemática, cabe analisar o consumo vigente da sociedade, bem como as decorrências da geração excessiva de resíduos para o meio ambiente.   Primordialmente, pontua-se que o consumismo exacerbado pode ser a marca doentia de uma sociedade que utiliza muito mais do que necessita. Tal fato disso, evidencia-se num dos aspectos mais criticados no que se refere à sociedade consumista, que é a obsolescência programada - consiste na produção de mercadorias previamente elaboradas para serem rapidamente descartadas, fazendo com que o consumidor compre um novo produto em breve -  Assim, aumenta-se  o dispêndio, como também maximiza a produção de lixo. Prova disso, são dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), relatando que a quantidade de lixo urbano produzida no país em 2015 atingiu 79,9 milhões de toneladas, 1,7% a mais do que no ano anterior.    Observa-se, ainda, que o consumo exagerado de bens e serviços, leva à exploração excessiva de recursos naturais e interfere no equilíbrio estabelecido do planeta. Segundo o relatório Planeta Vivo (WWF, 2008), a população mundial já consome 30% a mais do que o planeta consegue repor. Outrossim, além da exploração do planeta, a produção de lixo e os restos gerados diariamente pela sociedade, também são um impasse ao meio ambiente. Pois, conforme o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016, anualmente, o Brasil produz cerca de 71,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. Desse modo, tal problemática, revela um conceito individualista, já proposto pelo sociólogo Émile Durkheim, de que o nosso egoísmo é, em grande parte, produto da sociedade.   Portanto, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Cabe ao Ministério  do Meio Ambiente, em conjunto com o da Educação, promover, por meio de verbas governamentais, palestras e propagandas educacionais, com o intuito de incentivar o consumo responsável e expor a problemática que o consumismo exagerado causa ao meio ambiente. Não obstante, faz-se necessária também a promoção de políticas de reciclagem, além da reutilização ou reaproveitamento dos produtos não mais utilizados, contendo, assim, a geração de lixo e a demanda desenfreada por matérias-primas. Assim, tal sociedade hodierna sofrerá menos os impactos da consumição desenfreada.