Enviada em: 09/07/2019

O sociólogo Durkheim alegava que a consciência coletiva é imprescindível à coesão social. Nessa perspectiva, a falta de empatia com o próximo, inerente a compulsão ao consumo e a produção em excesso do lixo, interfere nas relações sociais e do bem-estar comum. Isso se deve, sobretudo, a escassez de políticas públicas para o enfrentamento dessa realidade, bem como a má formação do senso crítico dos cidadãos por certas famílias. Essa circunstância demanda uma atuação mais arrojada entre o Estado e as instituições formadoras de opinião, com o fito de superar tais mazelas.       De fato, é indubitável que a questão estatal e sua aplicação contribuam para potencializar o problema. Sob esse prisma, de acordo com Aristóteles, o exercício político tem como objetivo promover o bem-estar dos cidadãos. Nesse ínterim, denota-se a carência de fiscalizações quanto as propagandas veiculadas no meio midiático, tendo em conta não haver medidas de autocontrole dos consumidores por meio de leis, as quais estimulem a população a consumirem com responsabilidade, a considerar apenas o atendimento as suas necessidades. Tal circunstância relaciona-se as críticas ao sistema capitalista pelos filósofos de Frankfurt, dentre eles Adorno, o qual defendia a manipulação do indivíduo por meio da comunicação em massa. Essa situação abjeta propicia o intenso desgaste do meio ambiente, a julgar que o lixo, em especial o eletrônico, requer maior tempo para se decompor.        Outrossim, conforme o sociólogo Zygmunt Bauman, a presença da modernidade líquida se dá a partir da fluidez nas relações do cotidiano. Segundo essa premissa, ressalta-se que a existência massiva de famílias desorganizadas está estritamente ligada a cultura compulsiva do consumo. Esse infortúnio associa-se por insuficientes diálogos entre os cidadãos, haja vista, mormente, não considerarem a discussão em grupo necessária ou, inclusive, deterem as mesmas condutas de dependência. Nesse viés, o filósofo Pierre Bourdieu, em sua obra "Habitus", demonstra que a disseminação de comportamento são transmitidas para a geração. Com efeito, tal costume corrobora para a alienação quanto ao consumo em massa, o que, por sua vez, contribui para o descarte em excesso do lixo na natureza. Tal ação reitera o desequilíbrio coletivo defendido pela teoria bauniana.        Urge, portanto, que, diante da realidade nefasta do consumismo, a necessidade de intervenção se faz imediata. Para tanto, cabe ao poder público, em sinergia com o Ministério de Ciências e Tecnologia, implementar um sistema virtual para a monitoração da mídia, por meio de emendas constitucionais, com o escopo de transmitir o consumo responsável e sustentável para a população. Ademais, compete à família, em conjunto com à escola, promover fóruns de discussão pedagógica, por intermédio de mesas redondas, no intuito de mitigar a adquirição de bens em demasia. Logo, tal emblema se reduzirá.