Cultura do descarte No filme Wall-E, é mostrada a sociedade humana do futuro, que vive no espaço, já que o planeta foi consumido pelo excesso de lixo. Fora das telas, a realidade não se faz tão diferente, já que em decorrência da cultura do desperdício e de negligências do poder público, o consumismo naturalizou-se, o que faz com que o descarte de lixo seja cada vez mais frequente na sociedade contemporânea. Em primeiro plano, vale destacar que o consumidor é a base da produção industrial hodiernamente. Segundo a teoria sociológica de Adorno e Hokeimer, o sistema capitalista é moldado de acordo com a Indústria Cultural, que desumaniza o indivíduo a partir do momento que o manipula para que busque o prestígio que deseja por meio da compra de novos produtos. Dessa forma, a cultura do descarte consolida-se, de modo a potencializar a produção de lixo exponencialmente. Além disso, a inoperância estatal acerca do tratamento inadequado do lixo colabora para os severos danos que este traz à biodiversidade e à vida. A falta de direcionamento de verbas públicas para a construção de aterros eficientes, somada à a escassez de estudos sobre o impacto do lixo, provocam o acúmulo de resíduos em lixões ou em áreas inadequadas, fato que corrobora o aparecimento de doenças, intoxicações e degradação de ecossistemas. Com base nessa perspectiva, é notório que a questão do lixo traz graves consequências a curto e longo prazo, logo, medidas fazem-se necessárias para atenuar o impasse. Primeiramente, o Ministério da Educação, em parceria com órgãos midiáticos, deve estimular debates e palestras sobre o papel do consumidor no descarte do lixo, de forma a induzir uma sociedade mais ativista e consciente das consequências de seu consumismo. Além disso, é preciso que o Governo, através de uma emenda na Leis das Diretrizes Orçamentárias, destine mais verbas para a iniciação científica, a fim de fomentar os estudos sobre maneiras mais eficientes de tratar o lixo e reaproveitá-lo quando possível. Assim, abordagem mostrada em Wall-E ficará apenas na ficção e, progressivamente, o ser humano deixará de ser uma marionete do consumismo e da Indústria Cultural.