Enviada em: 02/07/2019

Em um futuro distópico, a superfície terrestre está soterrada de lixo. Os seres humanos tiveram que se refugiar em espaçonaves para continuar a existir em seu modo consumista de vida. Na Terra, há séculos, resta apenas um robô com a tarefa inesgotável de eliminar o material deixado pelas civilizações. Esse pesadelo é o contexto de WALL-E, uma animação infantil da Disney. Como toda boa distopia, essa animação consegue capturar elementos da realidade atual para nos fazer refletir. A sociedade contemporânea impõe aos indivíduos uma mentalidade consumista; em virtude disso, percebe-se o progressivo acúmulo de lixo. É oportuno, então, analisar como esse processo ocorre, bem como propor medidas para reverter esse quadro.             A princípio, conforme exposto no livro Vida para consumo, Zygmunt Bauman afirma que a sociedade contemporânea é constituída essencialmente por consumidores. Os indivíduos se identificam e ocupam posições na escala social de acordo com seu poder aquisitivo, ou seja, sua capacidade para consumir. Por sua vez, o mercado oferece novos produtos para consumo a esses consumidores ininterruptamente. Além de questões éticas, esta relação engendra grave problema ambiental.             Por conseguinte, o consumo desenfreado e inconsciente causa acúmulo de lixo crescente em proporções descomunais. Apenas na metrópole de São Paulo, conforme dados do Instituto GEA, são produzidos 14 milhões de quilos de lixo diariamente. Hans Jonas, filósofo alemão idealizador do Princípio da Responsabilidade, defende que os indivíduos hodiernos devem agir de modo a possibilitar a existência da vida humana digna no futuro. Além disso, na sociedade do consumo o que importa é o valor individual e sua capacidade para consumir; no entanto, na realidade, todos estamos conectados e as ações de cada um impactam o coletivo, seja isso agora ou futuramente.             Portanto, é mister que os indivíduos, bem como a sociedade civil tomem providências para superar esse impasse. Para que haja redução do consumismo, urge que cada pessoa seja muito consciente ao adquirir produtos. Por exemplo, evitar comprar objetos desnecessários, bem como optar por itens cuja embalagem seja reutilizável. Além disso, a sociedade civil, em suas diversas esferas, deve implementar ações que promovam a coleta seletiva. A título de exemplo, escolas, condomínios, restaurantes etc. podem implementar programas de coleta seletiva, instruindo as pessoas sobre a sua importância por meio de reuniões e palestras com especialistas. Somente assim, espera-se uma redução do consumismo e, consequentemente, do acúmulo exacerbado de lixo, de modo que o mundo de WALL-E permaneça na ficção.