Enviada em: 24/10/2017

O mundo encantado da literatura pode criar fantasias e desvendar mistérios, mas também consegue fazer com que as pessoas enxerguem melhor a si mesmas e aos outros que a rodeiam. Apesar de sua vasta função social, a literatura ainda enfrenta alguns desafios para atingir o grande público brasileiro. Seja por falta de tempo ou mesmo desinteresse, é importante analisar essa relação para que seja possível adotar medidas mais eficazes de estímulo à arte de ler, em vista dos grandes benefícios proporcionados por ela.            Em primeiro lugar, é imprescindível ressaltar a notoriedade dos efeitos positivos gerados na vida do indivíduo que tem o hábito da leitura, como, por exemplo, seu vocabulário e poder de escrita, os quais são ampliados. Ademais, histórias como a narrada pelo clássico "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, provocam reflexões no leitor ao colocá-lo diante de realidades distantes e o impulsiona a cobrar dos governantes ações que atendam à demanda daquele povo. Também, ao proporcionar o contato com diferentes culturas, pensamentos e situações, constitui-se instrumento excepcional de combate ao preconceito e à discriminação, além de autoconhecimento em razão das emoções liberadas.  Assim, a pessoa que lê pode se transformar em um agente de transformação na sociedade a qual pertence, como o médico e escritor Dráuzio Varella, que reconhece que a leitura fez dele quem é hoje.           Contudo, a despeito das grandes sagas de livros e filmes - alimentadas, claro, pela Indústria Cultural sedenta por lucro - que atraíram milhões de jovens, inclusive no Brasil, pesquisas apontam um baixo índice de leitores aqui. Um dos motivos pode ser a leitura obrigatória presente nas escolas, uma vez que o nível de entendimento de algumas obras é demasiado avançado e não condiz com o intelecto dos alunos, impedindo que a atividade seja prazerosa e perpetuada. Outra questão é a ausência de incentivo em casa por parte dos pais, os quais nem sempre possuem o hábito de ler, e a forte competição atual do livro com a tecnologia, que seduz por meio dos jogos eletrônicos e das redes sociais. Logo, pouco mais da metade da população brasileira leu, pelo menos, um livro nos últimos três meses, com destaque para a região Sudeste, segundo dados recentes do Ibope.             Mostra-se evidente, portanto, a necessidade de estímulo à leitura no país para que tenhamos mentes mais conscientes de sua atuação no planeta. Para isso, o Ministério da Educação, em parceria com a iniciativa privada e ONG's, deve organizar feiras literárias gratuitas com venda de livros, esquetes de trechos e debates reflexivos de forma que todos, independente de classe, tenham acesso. Já as escolas podem adotar, inicialmente, leituras mais simples, como gibis e crônicas, e até promover rodas de debate e peças de teatrais para criar um ambiente lúdico e desenvolver o interesse da criança.