Enviada em: 05/11/2018

Em 1941, na obra "Brasil, país do futuro", o austríaco Stefan Zweig relacionou a imagem de um país—Brasil— ao cenário de um paraíso. Hoje, todavia, é notório que a expectativa de futuro mencionada por Zweig não foi alcançada. Uma evidência disso é a manipulação do comportamento dos usuários na internet e o quanto isso influencia secretamente nas escolhas de cada um. Nessa conjectura, é necessário que haja meios de combate a esse tipo de controle com mudanças nos âmbitos midiático e familiar.       Embora a  Revolução Técnico-científico tenha viabilizado diversos avanços na comunicação com o advento da internet, percebe-se que ainda há um grande controle da mídia quanto as decisões tomadas pelo indivíduo. Isso porque, muitas vezes empresas do exterior fazem a filtragem de dados e dão sugestões de acordo com o que cada usuário acessa, tornando os mesmos iludidos sobre a liberdade de escolha. Corrobora esse fato dados do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os quais mostram que para aproximadamente 49,5% dos usuários da internet que procuram por séries e filmes, são sugeridas categorias dos seus gostos. Logo, a filtragem de informações molda a maneira de cada indivíduo pensar.       Outrossim, nota-se a necessidade de mudanças no contexto familiar. Isso porque, na era da informação, com a maior liberdade de acesso às tecnologias, muitos pais não têm o controle do que é acessado ou postado pelos filhos, o que promove uma maior abertura à coleta de dados e moldagem da criticidade deles. Em 1964, o regime ditatorial ocorrido no Brasil era caracterizado pela falta de liberdade de escolha, fato que pode ser associado a essa manipulação do comportamento dos usuários da internet, já que, de maneira indireta, é obedecido àquilo que parece ser só uma influência. Assim, é dever da família dirimir a negligência instrucional quanto ao acesso à internet.       Infere-se, portanto, que a manipulação da forma com que os usuários se comportam na internet é um problema e que medidas cabíveis sejam apresentadas. Para tanto, incumbe às polícias judiciárias (Civil e Federal) com apoio administrativo do Ministério da Justiça, fiscalizar, por meio de hackers, empresas que trabalham com coleta de dados pessoais e puní-las com multas, visando a devolução da liberdade de escolha dos cidadãos. Além disso, cabe aos pais orientarem seus filhos sobre a importância de não se prenderem às informações que lhes são expostas, com o objetivo de promover a criticidade deles sobre as decisões que devem tomar. Dessa forma, a profecia de Zweig poderá tornar-se realidade.