Enviada em: 25/10/2018

A vacina foi introduzida no Brasil em 1904 pela ação do médico e sanitarista Oswaldo Cruz. À época, ela foi recebida com desconfiança e insubordinação pelas pessoas, que viam no método mais uma forma autoritária de interferência estatal em suas vidas. Atualmente, as vacinas já são amplamente aceitas como parte essencial da promoção da saúde pública, haja vista a erradicação de várias doenças no território nacional. No entanto, algumas dessas enfermidades têm reaparecido no país como resultado de um ceticismo desinformado sobre a confiabilidade dos métodos de imunização e agravado pela crescente circulação de pessoas no mundo globalizado.     Se por um lado, no início do século XX, grande parte da população era avessa ao caráter compulsório da vacinação por puro desconhecimento, por outro, a influência atual das chamadas "fake news" e de fontes não idôneas de conhecimento médico comprometem a cobertura vacinal de muitos países. Na Europa e América do Norte as taxas de imunização atingem apenas cerca de 35% do público alvo (Sbim) e esses índices demonstram a indisposição de muitas famílias a exporem seus filhos a eventuais riscos como consequência da aplicação das vacinas. Tal atitude é veementemente desestimulada por várias entidades médicas, entre elas a Organização Mundial da Saúde, que reconhecem na vacina um procedimento eficaz e seguro para o combate a doenças.       Outro fator de risco para o retorno dessas mazelas é o intenso fluxo migratório de pessoas no mundo atual. Regiões que apresentam características ambientais favoráveis ao desenvolvimento de algumas patologias ou mesmo que não apresentam uma cobertura vacinal abrangente podem ameaçar outras populações que não são mais afetados por determinados tipos de enfermidade devido ao contato com indivíduos naturais desses locais. Isso confirma a importância do caráter coletivo da vacinação, uma vez que, com a maioria dos habitantes imunizados, a presença de apenas uma pessoa contaminada dificilmente terá repercussões mais graves.       Diante da perigosa onda de ressurgimento de doenças erradicadas, é necessário que o Ministério da Saúde reforce as campanhas de conscientização sobre a importância das vacinas e que, por meio do programa Mais Médicos, promova ações de acompanhamento regular da situação vacinal de famílias em regões periféricas do país. A fiscalização sanitária das regiões vulneráveis deve ser feita de forma contumaz tanto por parte da população civil como pelas ONGs relacionadas à saúde comunitária, seja no sentido de alertar o poder público sobre possíveis focos de proliferação de doenças, seja em ações autônomas como mutirões ou no cuidado individual das casas e da vizinhança. A saúde é um bem que beneficia a todos mas que também parte da contribuição de cada um.