Enviada em: 19/07/2018

Em sua obra ficcional "A Peste", Albert Camus retrata, entre vários outros aspectos, as mazelas sociais causadas por um doença epidêmica que assola a cidade de Orã. Entretanto, ao analisar o atual cenário de reaparecimento de certas doenças erradicadas no Brasil, entende-se que essa questão não se restringe à ficção literária. Dentre os vários fatores relevantes, pode-se citar a precariedade do saneamento básico e as resistências viral e bacteriana a antibióticos e vacinas.    Em primeiro lugar, é necessário examinar a realidade da saúde pública nacional, que, infelizmente, ainda é um problema que atinge milhões de brasileiros, haja vista a precariedade do saneamento básico, refletida em situações como esgotos a céu aberto e a deposição de resíduos em lixões. Consequentemente, cria-se um ambiente propício para o ressurgimento de certas doenças no país, pois, além de possibilitar a reprodução de agentes etiológicos, facilita o desenvolvimento de vetores de possíveis doenças, como é o caso do mosquito Aedes aegypt. Portanto, torna-se clara a urgência de melhorias no saneamento básico brasileiro, evitando a procriação de certos seres prejudiciais à saúde.    Além disso, ao averiguar essa problemática por um viés científico, nota-se um ponto importante: as resistências viral e bacteriana. Isso pode ser explicado pelo neodarwinismo, que demonstra a capacidade desses seres em realizarem mutações genéticas, dando continuidade ao processo de seleção natural. Como resultado, começam a surgir agentes etiológicos imunes a vacinas e antibióticos, o que possibilita o aumento populacional desses patógenos e o maior número de pessoas doentes. Dessa forma, é de suma relevância a ampliação de pesquisas científicas que busquem atualizar as vacinas e os antibióticos presentes na medicina brasileira.    Dessarte, o retorno de doenças erradicadas no Brasil é uma questão tanto governamental quanto científica, sendo primordial a ocorrência de certas ações. Os Governos Municipais de todo o país, por meio de gastos públicos, devem investir em melhorias no saneamento básico, reformando as práticas de tratamento de esgoto e ampliando as construções de aterros sanitários, o que tornará possível a diminuição de vetores de doenças nas cidades brasileiras. Ademais, as universidades, públicas e privadas, por intermédio de auxílios governamentais, devem realizar pesquisas sobre possíveis resistências de vírus e bactérias, criando vacinas e antibióticos que combatam esses "novos" patógenos. Assim, será possível a criação de uma realidade bem distante da ficção de Camus.