Enviada em: 28/07/2018

Leonardo da Vinci, pintor renascentista, estudou a anatomia humana com a finalidade de conferir verossimilhança às suas obras. O conhecimento do corpo, entretanto, não é essencial apenas na esfera artística, mas também como veículo de desenvolvimento de tecnologias úteis ao homem. Nesse sentido, a criação de tratamentos medicinais foi de fundamental importância para a erradicação de diversas doenças, mas tal ideal mostra-se "enfermo" no que tange à parcimônia de estratégias cívico-estatais quanto ao combate dessas patologias,contribuindo para que reapareçam no território brasileiro.      É preciso considerar, inicialmente, as insuficientes ações governamentais em relação à adoção de medidas profiláticas. Assim, embora haja o incetivo à vacinação por parte dessa esfera, apenas tal atitude não basta: o parco investimento em saneamento básico nas áreas carentes contribui para a disseminação de microrganismos infectantes nessas regiões. Dessa forma, as comunidades pobres contraem e transmitem os vírus com facilidade, propiciando novos surtos no país — não por acaso, em 2018, o sarampo voltou a ser diagnosticado no Brasil. Portanto, o poder público configura-se como uma das "instituições zumbis" preconizadas pelo sociólogo Zygmunt Bauman, pois perdem suas funções sociais na medida em que favorecem, em certa instância, o reaparecimento de doenças.      Evidencia-se, por outro lado, a atitude indiferente de parcela dos cidadãos quanto à prevenção desse impasse. Sob esse viés, a negligente postura civil em relação ao descarte adequado de lixo, bem como o acúmulo de água em locais inapropriados, também propiciam a proliferação de insetos que transmitem grande parte das patologias conhecidas. Além disso, os problemas de saúde sexualmente transmissíveis podem ser prevenidos com o uso da camisinha, mas a adoção de preservativos por parte da população mostra-se insuficiente, já que os indicadores da sífilis voltaram a crescer no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Posto isso, é notória a fragilização do contrato social proposto por John Locke: a população e o governo, lamentavelmente, não cumprem efetivamente as suas funções.      Impende, pois, a necessidade de projetos que rejeitem a ideologia de Bauman. Nesse contexto, é dever do Ministério de Desenvolvimento Social, através do uso de verbas da Receita Federal, investir em projetos de planejamento urbano em áreas carentes, construindo sistemas de esgoto e coleta apropriados a cada local, a fim de construir um meio higiênico para os moradores. Além disso, também é papel do Estado, por meio do Ministério da Educação, a reformulação do plano pedagógico nas instituições de ensino, implementando paradidáticos que contemplem a importância da prevenção às doenças, seja por meio do uso de preservativos ou do descarte de lixo em locais apropriados. Dessa maneira, portanto, o contrato governo-sociedade proposto por Locke será aplicado à nação brasileira.