Enviada em: 31/07/2018

“Em mim, o poeta é a tuberculose. Eu sou Manuel Bandeira, o Poeta Tísico”. Essas palavras são do célebre autor modernista brasileiro, que teve a referida doença como inspiração para várias de suas obras. No entanto, a tuberculose não foi exclusiva da geração de 1932, mas também afetou diversos escritores românticos, como Álvares de Azevedo e Castro Alves, sendo, por isso, considerada "a doença dos poetas”. Contudo, apesar de ter sido controlada no século XX, a enfermidade é mais uma entre as mazelas que estão reemergindo no contexto atual, seja pela pouca informação quanto aos métodos de prevenção, seja pelas condições precárias às quais a população está exposta.         Nesse viés, em 1904, aconteceu na cidade do Rio de Janeiro a chamada Revolta da Vacina, motivada pelo desconhecimento popular acerca do novo recurso. Entretanto, apesar de ter ocorrido há mais de um século, o cenário observado hodiernamente não apresenta diferenças consideráveis, uma vez que a falta de conhecimento e a disseminação de falsas informações sobre o funcionamento das vacinas e de seus efeitos colaterais colaboram para a tendência de queda no índice de imunização. Prova disso é que, segundo dados do Programa Nacional de Imunização, a taxa de vacinação no ano de 2017 foi a mais baixa desde 2001, fator que contribui para o ressurgimento de doenças anteriormente controladas, como a tuberculose e a dengue.         Em segunda instância, se por um lado a deficiência no ramo da vacinação corrobora a ocorrência de surtos, por outro, a falta de políticas de higiene favorece o reaparecimento de males. Nesse âmbito, insere-se a poliomielite, doença viral cuja transmissão ocorre por meio da ingestão de material contaminado. Sabe-se, porém, que em 1994 essa enfermidade foi suprimida nas Américas após afetar importantes figuras, como Franklin Roosevelt e Frida Kahlo. Todavia, no ano de 2018, o Ministério da Saúde divulgou 312 municípios brasileiros com alto risco de reincidência do problema, ocasionado, principalmente, pela falta de saneamento básico nas regiões de perigo, visto que, entre essas cidades, quase 52% não têm serviços de tratamento de água satisfatório, segundo a mesma fonte.         Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem esse impasse. Logo, convém ao Ministério da Saúde, em parceria com a mídia, criar campanhas que visem à conscientização popular acerca do funcionamento das vacinas e divulgar os meios, como telefones e sites, pelos quais os cidadãos podem contatar profissionais em casos de dúvidas, de modo a aumentar a adesão às práticas de imunização. Outrossim, cabe ao Governo garantir o saneamento em todo o país, por meio da destinação de maiores verbas a esse fim, com o fito de promover a melhoria nas condições de higiene nacional. Quem sabe, assim, o reaparecimento de doenças não se torne o novo “mal do século”.