Enviada em: 06/08/2018

Na Grécia Clássica, o filósofo Aristóteles afirmava que a felicidade pode ser atingida através de uma vida sem excessos ou faltas; a chamada filosofia do meio termo. Nesse sentido, apesar de ter foco distinto, tal pensamento aristotélico também se aplica na questão da utilização de agrotóxicos no mundo atual: se por um lado, sua ausência é impensável na agricultura moderna, por outro, seu uso indiscriminado acarreta em graves problemas de saúde.       Dessa forma, não há dúvidas de que os agrotóxicos modernos revolucionaram o plantio global. Com o sucesso no controle de pragas nas plantações, tais produtos proporcionaram um grande aumento na eficiência e rendimento das colheitas, o que não só desacreditou a teoria de Thomas Malthus - famosa no século XIX e XX por afirmar que a taxa de crescimento da população, por ser maior que a da produção de alimentos, ocasionaria uma onda de fome a nível global - como garantiu uma abundância de alimentos em grande parte dos países do mundo. Constata-se, portanto, que os pesticidas são sim um importante elemento da agricultura moderna.       Entretanto, tal necessidade não justifica o uso irrefreado de agrotóxicos. Isso porque, como o próprio nome diz, eles são tóxicos, e o contato prolongado gera severos danos a populações rurais e urbanas. Prova disso são os dados apresentados pela Fundação Oswaldo Cruz, constatando mais de 110 mil intoxicações, que resultaram em 2449 mortes entre os anos de 1999 e 2012, somente no Brasil. Além disso, está em tramite no Congresso Nacional projeto de lei que visa diminuir a fiscalização e abrandar as leis de regulamentação de defensivos agrícolas, facilitando ainda mais seu uso.       Diante do exposto, nota-se que o Poder Público brasileiro deve mudar de posicionamento. Assim, para um maior rigor no controle desses produtos, o Poder Legislativo deve aprovar leis que garantam fiscalizações rigorosas nas safras e multas em caso de uso de pesticidas acima do permitido. Ademais, estados, municípios e governo federal podem garantir incentivos fiscais e empréstimos a juros mais baixos àqueles produtores que utilizem um baixo teor desses produtos, visando diminuir sua quantidade nos alimentos e proporcionar um meio termo adequado à saúde da população.