Enviada em: 08/08/2018

A Revolução verde, que ocorreu nas últimas décadas do século XX, levou a diversos avanços na agricultura brasileira, o que ocasionou um aumento significativo na produtividade. Entretanto, esses avanços só foram possíveis devido ao uso de defensivos agrícolas na plantação, os quais têm causado problemas na saúde da população e ao meio ambiente devido ao uso exagerado desses produtos químicos.Nesse sentido, deve-se analisar como o individualismo e o descaso estatal influenciam no agravamento dessa questão. De início,cabe destacar que o individualismo está entre as causas da problemática.De acordo com estudos do sociólogo Zygmunt Bauman sobre a modernidade líquida, a pós modernidade é marcada por relações fragilizadas e pelo individualismo de grande parte da população. Nesse sentido, é bastante comum ver casos de agricultores que utilizam defensivos agrícolas em excesso apenas para o benefício próprio.Consequentemente, observa-se o aparecimento de diversos impasses, como o empobrecimento do solo, a contaminação de lençois freáticos , além de casos de intoxicação por agrotóxicos, os quais passaram de 26 mil ocorrências nos últimos dez anos, segundo o Ministério da Saúde.Dessa forma, não é razoável que, em pleno século XXI, esse problema constrangedor persista no Brasil. Além disso,vale ressaltar que a Constituição Federal de 1988 garante a todos os cidadãos o direito à saúde e ao bem-estar.Contudo, quando se observa a pouca fiscalização promovida pelo Estado para evitar o uso abusivo de defensivos agrícolas no plantio,percebe-se que esse conceito não é aplicado devidamente na prática,principalmente devido à grande presença da bancada ruralista na política brasileira.Por consequência, observa-se a permanência do uso excessivo de agrotóxicos na agricultura e de casos de doenças relacionadas ao consumo de alimentos com essas substâncias .Dessa maneira, é indubitável que mudanças sejam feitas para atenuar esse problema que aflige a sociedade brasileira. Urge,portanto, que o Poder Executivo, aliado com o Ministério da Fazenda promova um maior controle sobre o uso de defensivos agrícolas nos plantios nacionais,por meio de uma maior fiscalização e pela criação de leis que punam rigorosamente os agricultores que usem esses produtos em quantidades superiores ao permitido pela ANVISA, de modo a diminuir as consequências desse problema para o meio ambiente e para a saúde da população. Paralelamente, cabe à sociedade brasileira diminuir o consumo de alimentos com agrotóxicos e pressionar mais o governo por políticas públicas que substituam cada vez mais os agrotóxicos por produtos menos perigosos, como os biopesticidas. Com isso, é possível diminuir esse problema e colocar em prática os ideais da Constituição.