Enviada em: 04/09/2018

Agrotóxicos: um problema social     Os agrotóxicos são produtos que utilizam variados tipos de substâncias visando ao combate de pragas agrícolas e a conservação do alimento. Entretanto, muitas dessas substâncias são nocivas ao meio ambiente e ao seres vivos. É cabível, portanto, analisar as causas do uso dos agrotóxicos, bem como as consequências desse processo.     A priori, o uso dos agrotóxicos é fundamentado pela visão de produção capitalista. Segundo os pensadores liberais dos séculos XIX e XX, o capitalismo tem como base o comando da economia por meio da produção e, por conseguinte, a acumulação de lucros advinda dos meios produtivos. Sob essa óptica, infere-se que o uso dos agrotóxicos atende a esses princípios, visto que, no primeiro momento, os agrotóxicos são capazes de aumentar a produção de gêneros alimentícios por diminuir a perdas no processo produtivo e, em um segundo momento, aumentam os lucros do proprietário da terra por meio da redução dos custos com a produção e pela maior oferta de produtos ao consumidor final.    A posteriori, os defensivos artificiais afetam não só o meio ambiente, mas também o ser humano. Por um lado, é responsável por vários tipos de agressão a natureza, altera cadeias alimentares ao desbalancear as populações de animais, atinge os lençóis freáticos devido a alta penetração no solo, e é responsável pela poluição de rios e lagos. Por outro lado, atinge o ser humano por meio da magnificação trófica, isto é, a acumulação de substâncias tóxicas no corpo de animais que estão no topo das cadeias alimentares, evidenciado, por exemplo, pela pesquisa do Programa de Vigilância da Saúde das Populações Expostas a Agrotóxicos, da Universidade de Campinas (Unicamp), que mostra que 1,5 milhão de trabalhadores rurais estão intoxicados pelo uso de agrotóxicos nas lavouras.    É necessário, portanto, adotar medidas que reduzam o uso desses tipos de defensores. Objetivando a redução do uso desses produtos e ao mesmo tempo a manutenção dos ganhos do produtor por meio do combate a pragas, é importante adoção de defensores agrícolas naturais, ou seja, a introdução de parasitas e predadores das principais pragas agrícolas. Para a revitalização dos ambientes atingidos pelos agrotóxicos, é importante que o Ministério do Meio Ambiente e as Organizações Não Governamentais (ONG´s) realizem mutirões de tratamentos e revitalização dos ambientes naturais e da vida silvestre por meio de introdução de espécies nativas não atingidas pelos defensores agrícolas artificiais. Por fim, cabe às escolas e as diversas mídias, o fomento de campanhas que promovam uma alimentação saudável na sociedade, reduzindo não só o uso de agrotóxicos nas futuras gerações, mas também a obesidade infantil e as diversas doenças relacionadas ao trato digestivo.