Enviada em: 29/09/2018

A partir da década de 1970, a Revolução Verde possibilitou um aumento exponencial da produção agrícola em todo o mundo ao disseminar tecnologias para a expansão da fronteira agrícola e otimização da produtividade. No Brasil, o movimento foi fundamental para instituir o agronegócio, em que a agricultura fomenta fortemente vários outros setores produtivos e dinamiza toda a economia. Tamanha importância tende, contudo, a eclipsar os efeitos nefastos que uma das modernas técnicas agrícolas, o uso de agrotóxicos, pode provocar ao meio ambiente e saúde humana se não executada corretamente, Trata-se de uma problemática que deve ser trazida à baila o quanto antes para que comece a ser definitivamente mitigada.       Estima-se que 20% da produção mundial de agrotóxicos seja consumida pelo Brasil, transcendendo em muito as necessidades da vasta produção agrícola nacional. Além da circulação de muitas variedades já banidas de países mais politizados, também contribuem para esse uso abusivo a falta de fiscalização e orientação. Destarte, certos tipos atingem cultivos em que são proibidos e/ou em dosagens muito acima das permitidas.        Os grupos mais prejudicados, evidentemente, são os trabalhadores rurais que aplicam o produto sem EPIs durante grande parte de suas vidas, o que pode acarretar distúrbios neurocomportamentais, cânceres e malformações fetais em seus filhos. Os agrotóxicos também podem poluir a água e o solo, prejudicando a saúde dos habitantes e a biodiversidade da região. Ademais, os consumidores finais dos gêneros cultivados também estão expostos a riscos ainda não totalmente esclarecidos.       É ponto pacífico que o uso de agrotóxicos não pode ser totalmente proibido, pois impactaria catastroficamente a produção. Em primeiro plano, portanto, o poder Executivo deve investir maciçamente em escolas técnicas e profissionalizantes para trabalhadores autônomos e pequenos produtores, em parceria com o SENAR e ONG's, o que os conscientizará, por exemplo, da importância dos EPI's, recomendações de uso de cada defensivo agrícola e novas técnicas de cultivo que minimizem sua necessidade, como a produção integrada. De outro lado, IBAMA, ANVISA, Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente devem reforçar a fiscalização, associando-se, se necessário, à Polícia Federal. Dessa forma, a Revolução Verde poderá estender seus benefícios para todo o país sem prejudicar o que mais importa: a saúde dos brasileiros.