Enviada em: 09/05/2018

Não são poucos os fatores envolvidos na discussão acerca dos obstáculos para a doação de sangue no Brasil. A doação de sangue é destinada à pessoas que em razão de um acidente, cirurgia ou uma doença precisam de transfusões sanguíneas. Assim, indivíduos que necessitam desse tipo de auxílio, contam, primeiramente, com a solidariedade humana. Contudo, apesar de todos os avanços sociais e ideológicos, há empecilhos que dificultam o processo de doação. Dessa forma, basta analisar os obstáculos na doação de sangue por homens gays, como, também, a falta de informação da sociedade. Logo, compreender os aspectos que levam a esse cenário é crucial para alcançar melhorias.    Em primeiro lugar, vale ressaltar que proibir homens que realizaram atividades sexuais com outros homens em um período menor de 12 meses de doarem sangue é um entrave para o aumento de doações no país. Além de ser um ato discriminatório, levando-se em consideração que a restrição é baseada no estabelecimento de grupos e não de condutas de riscos, a atitude impede que inúmeras pessoas sejam beneficiadas. Para ilustrar, uma pesquisa realizada pela ONG Intenacional All Out, mostrou que os possíveis doadores homossexuais poderiam ajudar cerca de 863.604 pessoas. Em vista disso, nota-se uma incoerência com a frase de Aristóteles, a qual diz que a base da sociedade é a justiça, uma vez que os direitos dos homossexuais estão sendo limitados, mas não por razão científica.    Ainda nessa questão, é fundamental pontuar que a falta de conscientização e a crença em alguns estigmas corroboram o desconhecimento sobre a importância de doar sangue. Algumas pessoas acreditam que se doarem uma vez, vão ter que doar sempre. Outras temem contrair alguma doença infecciosa durante a coleta. Isso ocorre, principalmente, devido à falta de campanhas informativas. Com isso, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possui muitos doadores de reposição (pessoas que doam para parentes e familiares em caso de urgência), o que não é ideal. Desse modo, é necessário o aumento de doadores voluntários, nos quais é possível fazer o monitoramento e o controle de qualidade.Assim, é necessária a compreensão da doação de sangue como uma ação social e contínua.   Nesse sentido, ficam evidentes, portanto, os elementos que colaboram para o atual quadro negativo do país. Ao Ministério da Saúde cabe, através da implementação de regras igualitárias, alterar a norma que diferencia homossexuais de heterossexuais e levar em consideração condutas de riscos e não grupos, com o propósito de erradicar o preconceito e garantir a plena doação de sangue. É imprescindível, também, que o Ministério da Educação, através de campanhas públicas e palestras com os alunos e seus responsáveis, informe a necessidade de se dispor a doar sangue regularmente e fomente a ação, com o objetivo de formar uma sociedade mais consciente e participativa.