Enviada em: 13/06/2018

Segundo o filósofo Claude Lévi Strauss, o coletivo é uma das forças que estruturam a sociedade. Nesse contexto, pode-se afirmar que a força do Brasil é colocada à prova com a hemoterapia. Esse desafio avançou bastantes nos últimos anos devido ao avanço da medicina e qualidade dos hemocentros nacionais. Apesar disso, quantidade significativa de doadores são impedidos de fazer sua contribuição, pois não atendem padrões que mascaram antigos esteriótipos e preconceitos. Logo, a burocracia e a ciência antiquada são os principais obstáculos que insistem em permanecer no que tange à doação de sangue no Brasil, fazendo padecer aqueles que seriam beneficiados com tamanha quantidade de sangue desperdiçado.       No entanto, vale ressaltar que o país, segundo a ANVISA, é reconhecido por desenvolver uma das melhores hemoterapias do mundo porque apresenta baixíssimos casos de contaminação sanguínea, isso, portanto, prova a eficiência dos profissionais que atuam nessa área. Além disso, com o aumento das campanhas publicitárias, muitos mitos a respeito da doação são esclarecidos. Dessa forma, segundo dados das secretarias de saúde pública, houve aumento relativo no fluxo de doadores nos hemocentros regionais, proporcionando ampliação no estoque de bolsas nesses centros.       Apesar disso, o aumento da criminalidade, dos acidentes de trânsito, e da faixa etária do brasileiro, são, de acordo com João Baccara -Coordenador geral de sangues e derivados do Ministério da Saúde-  fatores que aumentaram a demanda por bolsas de sangue nos hemocentros. Em contrapartida, devido ao conjunto de regras sanitárias, o chamado grupo de risco, composto por homossexuais, é impedido de doar sangue. Essa política um tanto quanto antiquada desperdiça milhões de bolsas anualmente. Tal tese é sustentada devido a associação indevida do homossexualismo  à promiscuidade a DSTs, mas novos artigos  apontam que esse  grupo de risco está desatualizado, pois consoante NADAL,2003 em seu artigo a respeito desse assunto,  aponta para a vulnerabilidade cada vez maior de heterossexuais às doenças sexualmente transmissíveis, fazendo então com que a proibição de apenas um público não passe de discriminação e obstáculo para o aumento de doações.       Portanto, acima de tudo é necessário garantir a segurança no processo de transfusão, mas também superar tabus que inviabilizam o aumento de doadores. Por isso cabe ao Ministério da Saúde investigar o real motivo do por quê impedir um grupo tão significativo de doar, exaurindo os preconceitos e fazendo uso dos diversos estudos recentes para sustentar ou não essa política além disso é necessário maior incentivo a participação da sociedade nas campanhas de doação por meio de ações midiáticas e dessa forma aproximar-se-á da força coletiva no qual acreditava  Claude Lévi Strauss.