Enviada em: 16/06/2018

Isaac Newton estava certo.          Segundo a Primeira Lei de Newton, ou Lei da Inércia, um corpo tende a permanecer em seu estado natural até que uma força externa atue sobre ele. De forma análoga, os desafios enfrentados no incentivo à doação de sangue no Brasil exigem uma discussão mais ampla, haja vista que a problemática persiste estagnada e intrinsecamente relacionada à realidade do país, seja pelo individualismo da sociedade, seja pela sagacidade arcaica ainda presente nos indivíduos. Nesse sentido, é conveniente analisar as principais consequências de tal postura negligente para o meio social.           Em primeiro plano, é indubitável que o individualismo demasiado da sociedade esteja entre as causas do problema. Isso ocorre porque, conforme destaca o sociólogo Zygmunt Bauman em sua obra "Amor Líquido", as pessoas buscam não se envolver nas relações interpessoais, o que potencializa a individualidade e, por conseguinte, dificulta a doação de sangue. Como efeito, segundo dados do Ministério da Saúde, a quantidade de sangue doado ainda precisa dobrar para atender às necessidades do país, fato que preocupa, principalmente, profissionais da saúde.         Outrossim, destaca-se a falta de informação como impulsionador do problema. Isso decorre porque grande parte da população ainda tem conceitos arraigados à ideia de que doação de sangue pode trazer algum prejuízo para a saúde do indivíduo como, por exemplo, perca de peso e a transmissão de doenças, fato que se mostra insustentável nos dias hodiernos, visto que procedimentos de segurança, bem como exames são realizados antes do processo de coleta do sangue.            Diante dos fatos supracitados, enquanto a força da mudança social e da iniciativa governamental não agir sobre o impasse, os obstáculos referentes à doação de sangue manterá sua inércia. Dessa maneira, é necessário que o Ministério da Saúde, junto com os meios midiáticos, promova um número maior de propagandas, divulgadas em horário nobre à população, a fim de incentivar a doação de sangue, assim como desconstruir a ideia negativa, ainda presente na sociedade, tangente a tal ato solidário. Ademais, o Ministério da Educação, em parceria com as escolas, deveria incluir a disciplina de ética e cidadania no currículo escolar dos ensinos fundamental e médio, com o intuito de potencializar o hábito da empatia e minimizar individualismo para assim, aumentar o número de doadores de sangue. Talvez assim, poder-se-á alterar o estado natural, de inércia, da resistência frente à doação de sangue no Brasil.