Enviada em: 26/06/2018

No cenário hodierno, um tema que tem ascendido de maneira significativa nos debates entre as autoridades brasileiras tangencia a questão da doação de sangue. Embora a população tupiniquim seja mundialmente afamada pela sua personalidade essencialmente simpática, nota-se que, no quesito solidariedade, essa deixa a desejar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de doação sanguínea no país não faz jus à sua extensão demográfica. Dessarte, para compreender os fatores que circundam essa problemática, faz-se necessário discorrer acerca da falta de conhecimento dos indivíduos elencado a questões preconceituosas.  É sabido que o cerne da história brasileira é marcado por uma certa tranquilidade no tange a desastres naturais ou conflitos de ordem mundial. Nesse sentido, episódios envolvendo grandes números de vítimas são extremamente raros, o que restringe a demanda de sangue a casos isolados ***. Ademais, mitos arraigados na tradição cultural canarinha, como o temor de engordar ou adquirir infecções no ato da doação, contribuem de forma veemente para que uma parcela das pessoas apresente certa aversão pela prática. Dessa forma, o desconhecimento populacional acerca da importância e do processo de uma transfusão sanguínea desencadeiam uma reação extremamente negativa ***. Além disso, cabe destacar que o Brasil, um país colonizado e construído sobre pilares essencialmente católicos, apresenta, ainda hoje, certa aversão por questões envolvendo o tema homoafetividade. Embora grandes nomes como o médico doutor Dráuzio Varella já tenham questionado e repreendido a coibição da doação de sangue de homossexuais, tal prática ainda é uma realidade. Sob a vetusta premissa de que gays, lésbicas e bissexuais se enquadram no chamado “grupo de risco”, e a desconsideração dos efetivos “comportamentos de risco”, hemocentros perdem, anualmente, milhares de litros de sangue que poderiam ser utilizados no salvamento de outras inúmeras vidas. Portanto, mediante tal conjuntura, faz-se incontrovertível a urgência de medidas que venham a mitigar tal situação. Para tanto, é essencial que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, em parceria com o CONAR, trabalhem na elaboração de projetos que visem a conscientização popular acerca da importância da doação de sangue. Assim, por meio de palestras ministradas por profissionais da saúde em ambientes abertos ao público é possível quebrar alguns paradigmas. Além disso, é de suma importância que grupos militantes da causa LGBT pressionem as autoridades do Ministério da Saúde e do Supremo Tribunal Federal a, respectivamente, elaborar e efetivar a restruturação das políticas correntes de forma a garantir um sistema satisfatório que se paute em fatos concretos.