Enviada em: 10/07/2018

Segundo o escritor alemão, Franz Kafka, a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. Em contrapartida, os brasileiros, conhecidos mundialmente pela simpatia com que tratam os visitantes estrangeiros, são menos solidários com seus compatriotas ─ pelo menos quando o assunto é ajudar o próximo por meio da doação de sangue. Nesse sentindo, a falta de conscientização histórica aliada ao preconceito e ao estigma à doação, impede que vidas sejam salvas diariamente.        É necessário destacar, primeiramente, que a falta de conscientização da população é um dos principais limitadores para o aumento de doações no Brasil. Sob o ponto de vista histórico, o Brasil, diferentemente de países como Japão e Estados Unidos, não passou por grandes guerras ou catástrofes que construíram uma cultura da importância da doação para a sociedade. Além disso, o Brasil remunerava doadores até a promulgação da Constituição de 1988 e, com a sua extinção, o incentivo às adoções diminuíram ainda mais.       Ademais, outro fator que corrobora para o atual cenário é o preconceito e o estigma ao redor da doação no pais. Segundo matéria vinculada pelo Jornal Nacional, a sociedade não possui informações básicas sobre o procedimento e acaba por criar um estigma social, como as falsas conclusões de que o procedimento engorda ou debilita o doador, por exemplo. Em paralelo, há uma parcela da sociedade que deseja doar, mas é impedida pela discriminação: caso dos homossexuais que tiveram relações sexuais nos últimos doze meses. Esse fato, além de se caracterizar como preconceito, corrobora para os baixos índices de doação no país – 1,8% da população doadora contra uma taxa ideal de 3-5%, segundo dados da Organização das Nações Unidas.       Nesse ínterim, medidas são necessárias para garantir a conscientização, tanto da população, quanto dos órgãos de regulamentação. Cabe ao Estado, por meio do Ministério da Saúde, eliminar a proibição de doação para os homossexuais, garantindo que a triagem para a doação seja embasada no comportamento sexual de risco ao invés da orientação sexual. Paralelamente, cabe ao Estado, em conjunto com a mídia e a escola, por meio de aulas, propagandas e telenovelas, em transmitir a importância da doação, desde a infância, com o fito de criar a cultura da doação desde a infância. Sob tal perspectiva, poder-se-á aumentar os números de doadores no país.