Enviada em: 10/08/2018

Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra Raízes do Brasil, descreve o brasileiro como um homem cordial que age de acordo com o coração, sendo solidário e hospitaleiro. No entanto, apesar de tal visão, esses valores de cordialidade fazem-se ausentes em relação à doação de sangue, afinal, os cidadãos doam apenas para atender aos interesses pessoais e não são devidamente informados sobre o procedimento.          Primeiramente, é válido apontar que o jeitinho brasileiro baseado na troca de favores ainda predomina na sociedade. Sendo isso notório pelo de que antes da constituição cidadã de 1988, havia a remuneração para quem doava, desse modo, a população sentia-se instigada e participava em maior quantidade, porém, após a retirada do pagamento às doações, os civis passaram a realizar o procedimento apenas quando um familiar ou amigo necessita, e também, com o objetivo de fazer exames gratuítos, refletindo, assim, a falta de empatia e alteridade da conjuntura social, reponsável por ocasionar um número de doadores inferior a 2% do total da população brasileira, segundo o Ministério da Saúde.              Nesse contexto, vale ressaltar a revolta da vacina ocorrida durante a primeira república, em que a população negou a vacinação obrigatória por possuírem medo, afinal, não continham informações suficientes sobre o seu funcionamento. De maneira análoga, indivíduos da contemporaneidade evitam a doação devido o receio de contrair doenças pela agulha e pensarem que a retirada de sangue pode afetar-lhes à saúde, bem como, exitem mitos em relação às restrições, corroborando, assim, para a ocorrência de menos doadores.              Cabe evidenciar, portanto, a necessidade de medidas para garantir a informação aos cidadãos e diminuir os individualismos. Assim, é preciso que o Ministério da Saúde em consonância ao Ministério da Educação capacitem enfermeiros para realizar palestras e atividades lúdicas nas escolas sobre a importância e o processo de doação de sangue, a fim de formar adultos empáticos e cientes da facilidade de doar, e também, é necessária a ação da mídia com a Organização Mundial da Saúde para convidar famosos que doam, como o jogador Cristiano Ronaldo, a participar de campanhas com o intuito de explicar tal ato e desfazer os mitos existentes. E dessa forma, gerar-se-á uma sociedade cordial conforme a visão de Sérgio Buarque de Holanda.