Enviada em: 13/08/2018

Os anos oitenta marcaram a geração de jovens que conheceu a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Em vez da moral e dos bons costumes, o grande vilão do sexo livre passou a ser a AIDS - sexualmente transmissível e incurável. Naquela época, tal como o cantor Cazuza, muitos artistas renomados morreram por causa dos efeitos colaterais da doença.    De início, e de forma preconceituosa, imaginava-se que o vírus da AIDS seria transmissível apenas no sexo entre casais homossexuais. Tão logo desfeita essa primeira teoria, descobriu-se uma outra forma de transmissão dessa e de outras doenças: a transfusão do sangue infectado, a qual já havia feito muitas vítimas.     Sendo assim, a fim de impedir novas contaminações, passou-se a adotar alguns critérios para a doação de sangue no Brasil, tais como a restrição da doação por homossexuais, os quais são considerados grupos de risco. Diante desse cenário, cabe analisar se esses critérios são específicos e verdadeiramente eficazes ou meros entraves eivados de preconceitos.      É indubitável que os bancos de sangue devem adotar critérios específicos, e minuciosamente verificáveis, para a doação de sangue no Brasil. No entanto, a restrição à doação de sangue por homossexuais não é justificável do ponto de vista médico.       Do ponto de vista científico, não há como prever que um homem gay tenha mais chances de ter um sangue contaminado que um homem heterossexual, por exemplo. Esse tipo de restrição demonstra um preconceituoso entrave ao abastecimento dos hemocentros, os quais, não raramente, estão desabastecidos.        Deste modo, a fim de coibir esse tipo de entrave aos abastecimentos dos hemocentros do Brasil, os governantes devem investir em equipamentos tecnológicos para avaliação sorológica dos sangues doados, investir em campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e expandir seus doadores sem restrições  infundadas.