Enviada em: 10/03/2018

De acordo com o monge agostiniano Martinho Lutero, “deve-se doar com a alma livre,simples,apenas por amor, espontaneamente”. Na analogia dos ensinamentos desse monge, a questão da doação de sangue,quando observada em uma perspectiva nacional, pode ser entendida como um gesto de altruísmo que enfrenta diversos obstáculos para que se torne cada vez mais comum, como fatores históricos e culturais a serem avaliados e a ausência de uma cultura que estimule a doação sanguínea desde o primário escolar.       No ano de 2016, uma tragédia em uma boate LGBT na cidade de Orlando,nos Estados Unidos, foi responsável pela morte de dezenas de pessoas,além de deixar várias vítimas em um estado de saúde agravado. Nesse ínterim, milhares de pessoas se comoveram com o ocorrido e se direcionaram aos centros de doação de sangue em um gesto solidário, visto que os sobreviventes necessitavam de grandes volumes de sangue. Na analogia dos fatos supracitados, o Brasil,diferentemente de países como os Estados Unidos e o Japão, não participou de muitas guerras nem presencia corriqueiramente catástrofes naturais. Dessa forma, não existe uma cultura de doação sanguínea no país, o que faz com que os casos de doação ocorram,em maior número, para casos de reposição, em que algum parente próximo necessita desse tipo de doação.       Ademais, em concordância com uma reportagem veiculada no portal "Agência Brasil" no ano de 2017, menos de 2% da população brasileira é doadora de sangue. Nessa análise, é possível associar esse baixo volume com a ausência de disciplinas escolares que fomentem a importância de atitudes altruístas,como a doação de sangue, criando indivíduos adultos que não possuem os costumes de Martinho Lutero,o que caracteriza-se como um obstáculo para o aumento das taxas desse tipo de contribuição no Brasil.Isto posto,os hemocentros operem,muitas das vezes, em condições mínimas de abastecimento pela falta de bolsas sanguíneas, o que pode resultar na morte de milhares de pessoas.       Infere-se, portanto, que a problemática discutida necessita ser amenizada. E para isso, o Ministério da Saúde deve veicular campanhas midiáticas nos canais de televisão aberta para que a população se torne mais consciente e seja mais ativa nas doações de sangue, contribuindo para que milhares de vidas sejam salvas. Dessa maneira, os índices de doação atuais melhorarão, concomitantemente com o surgimento de uma cultura altruísta luterana. Além disso, o Ministério da Educação deve ministrar palestras sobre a importância da doação de sangue nas escolas dos ensinos Médio e Fundamental.Destarte, as escolas serão responsáveis por criar adultos mais conscientes e propensos a doar sangue espontaneamente, o que diminuirá a problemática.