Enviada em: 20/03/2018

A primeira transfusão sanguínea entre humanos foi realizada no século XIX por James Blundell, que tinha por objetivo reduzir a mortalidade.Todavia, no Brasil contemporâneo,o dever cívico de doar sangue enfrenta obstáculos sociais e estruturais para cumprir sua função: salvar vidas.Assim,é urgente superar os impasses para efetivar esse gesto,visto que o estoque irregular nos hemocentros é desfavorável não só para um país em envelhecimento, como também para sua construção ética e cidadã.  Na perspectiva de Durkheim,uma sociedade em estado patológico é caracterizada pela fragilidade da consciência coletiva.De fato,ao analisarmos o estado emergencial nos hemocentros brasileiros, é evidente a baixa mobilização das partes em prol do todo social.Nesse viés, essa conjuntura pode ser justificada por um histórico com ausência de guerras e desastres naturais, pois, de acordo com a ONU, esses fatores constroem uma sociedade sensibilizada e, por conseguinte, com doadores efetivos.  Acresce-se a isso, a relevância de retratar o desafio em acondicionar o material devido à infraestrutura precária dos hemocentros. Diante disso, não é raro ocorrer o descarte das poucas doações. Dentro dessa lógica, essa conjuntura torna-se mais preocupante quando há o temor acerca das doenças transfusionais, como a HIV. Apesar de ser biologicamente comprovado que as DSTs não são restritas aos homoafetivos, esse estigma continua a reduzir o número de beneficiados nas cirurgias cardíacas, quimioterápicas e de transplantes.  Faz-se,necessário,portanto,medidas para reverter o quadro supracitado.Para tanto,o Ministério da Saúde deve disponibilizar centros de coleta móveis,além de filiais de hemocentros nos hospitais,de maneira a ampliar a participação social e a infraestrutura,respectivamente. Ademais,as universidades devem investir em palestras na empresas e escolas, apoiadas por cartilhas criadas pela mídia engajada, para desmitificar os estigmas e, assim, resgatar e praticar o objetivo de Blundell.