Enviada em: 08/05/2018

A mais de 2000 anos atrás, durante a Antiguidade Clássica, Aristóteles afirmou que o ser humano é um animal social, concluindo que o estabelecimento de relações sociais é inerente à vida do homem. Nessa perspectiva, a falta delas pode afetar demasiadamente o indivíduo, e isso acontece, infelizmente, com algumas minorias que são marginalizadas e discriminadas pela sociedade, a exemplo das pessoas com autismo. É necessário, portanto, discutir sobre os desafios da inclusão social desse grupo no Brasil e propor medidas para reverter esse quadro.      Inicialmente, é importante se atentar para o fato de que o autismo é uma doença sobre a qual a medicina tem pouco conhecimento, porém, entende-se que tal patologia compromete a comunicação do indivíduo e sua percepção do mundo. A partir desse ponto, podemos inferir que os portadores dessa síndrome necessitarão de determinados cuidados especiais para estabelecer relações sociais, principalmente no quesito educacional, pois eles precisam de professores e instituições preparados para  atendê-los, a exemplo da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).     Diante desse desafio, ocorre o oposto do esperado: os autistas carecem de tais cautelas e tornaram-se vítimas de preconceito. Para entendermos porque isso acontece, vale recorrer ao pensamento da antropóloga francesa Françoise Héritier, que afirma que a intolerância está associada à dificuldade de reconhecer a expressão da condição humana no outro. Seguindo seu raciocínio, as pessoas preconceituosas veem os autistas como não humanos a ponto de serem tratados como tais. Dessa forma, eles são discriminados pela sociedade, e suas dificuldades naturais de estabelecer relações interpessoais agravam-se, comprometendo a essência do ser humano segundo a ótica aristotélica: o convívio social. Frente a isso, podem surgir inúmeras desordens, como o isolamento, a angústia e o sentimento de não pertencimento à sociedade.    Tendo em vista os conflitos a respeito da inclusão dos autistas na sociedade brasileira, urge a necessidade de novas medidas pelo Estado. Nessa tentativa, cabe ao Ministério da Educação orientar os professores a realizar debates e reflexões sobre o preconceito nas escolas, amenizando a discriminação. Além disso, o governo também deve fornecer um maior apoio financeiro a ONG's preparadas para cuidar dessas pessoas, como a Apae. Ademais, o Estado também deve incentivar a introdução desse grupo no mercado de trabalho, medida que pode ser feita reduzindo alguns impostos às empresas que contratarem tais portadores. Com a aplicação dessas medidas, espera-se asseverar a integração de pessoas com autismo no corpo social brasileiro, permitindo-os vivenciar melhor a plenitude do ser humano como ser social.