Enviada em: 24/05/2018

Durante o século XIX, o sociólogo Émile Durkheim disseminou pelo mundo o pensamento segundo o qual a sociedade funciona como um organismo vivo, ou seja, todos os seus componentes deveriam viver em harmonia para que fosse possível conquistar o bem-estar da coletividade. Entretanto, no Brasil, a marginalização dos autistas vai de encontro a esse anseio, uma vez que restringe e desqualifica a vida de muitos. Desse modo, deve-se analisar a herança histórico-cultural que corrobora a segregação social, além do processo de urbanização brasileira que dificulta a inclusão desse grupo na sociedade.      De acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, em sua teoria "Habitus", toda sociedade incorpora os padrões sociais impostos e o reproduz ao longo das gerações. De certo, a repulsa à frente de pessoas com necessidades especiais praticada nas civilizações da antiguidade, que até assassinavam os bebês com tais particularidades, impôs a dificuldade de lidar com quem é diferente. Sendo assim, a sociedade brasileira incorporou essa imposição e naturalizou a marginalização dessas pessoas. Isso é notório em relação aos autistas brasileiros,  na medida em que, o estado do Rio de Janeiro, 48% dos autistas de 4 a 17 anos estão fora da escola, segundo dados da Revista Saúde e Sociedade.         Outrossim, no Brasil, a lei nº 12.764 representa significativo avanço em termos sociais, ao equiparar os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista e com deficiência. No entanto, a conturbada urbanização brasileira dificulta a inclusão e a garantia de tais direitos sociais. Em consonância com a obra "Urbanização Brasileira", o geógrafo Milton Santos referencia que essa expansão ocorreu, primordialmente, sob interesses corporativistas devoradores do patrimônio coletivo. Sendo assim, muitas escolas deixaram de receber recursos para o desenvolvimento de uma educação inclusiva. Nesse viés cabe apontar que a falta de tecnologias assistivas, junto a ausência de uma esquipe de avaliação e apoio para os autistas, é um reflexo da segregação social, visto que tais pessoas, sem uma educação de qualidade, vão estar distantes de uma vaga no competitivo mercado de trabalho.      Destarte, para o Brasil alcançar o ideal proposto por Durkheim no século XIX é imprescindível garantir a inclusão dos autistas na sociedade. Desse modo, é necessário que o Ministério da Educação, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, crie um projeto nas escolas a fim de conscientizar sobre o autismo, o qual deve consistir em palestras interativas, além de atividades em um site para que o aluno realize em casa junto aos familiares, com o intuito de envolver toda comunidade para que seja sanada a segregação de tal grupo. Ademais, tal Ministério deve proporcionar salas de aula adaptadas com tecnologia assistiva e professores de apoio para alunos autistas, a fim de garantir uma educação inclusiva, para que tais alunos ampliem suas oportunidades sociais, como trabalho.