Enviada em: 09/10/2017

Na Sociologia e na Literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro. No entanto, o termo "cordial" - imortalizado por Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil - pode ser visto como algo que difere da atual realidade do país. Afinal, o "pensar duas vezes antes de falar" é uma prática infrequente que elimina aos poucos o debate amigável. Diante da falta de respeito em qualquer assunto e ambiente, é válido refletir: quais desafios estão relacionados à liberdade de expressão?  Com efeito, destaca-se como um dos principais desafios o entendimento de que a permissividade de expressão é garantida amplamente na Constituição, além de configurar um elemento básico de um estado democrático. Esse direito de exprimir ideias e convicções é um ponto bastante sensível, afinal, o uso dessa liberdade encontra-se delimitado aos demais direitos legislativos. A saber, assim como o Art. 15 o indivíduo detém o direito da livre manifestação do pensamento, no Art. 5 caracteriza-se como invioláveis a intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas.  Ademais, o uso irresponsável dessa permissividade configura-se como outro desafio, pois pessoas que proferem discursos de ódio, apoiam-se na justificativa de que estão defendendo suas perspectivas e direitos. Indubitavelmente, esses comportamentos não são contemporâneos, ganharam uma projeção maior, através da internet e das redes sociais. Os criminosos usam dos recursos disponíveis - aplicativos, vídeos, "gifs" etc - além do anonimato. O projeto Comunica que Muda constatou que cerca de 84% das menções sobre racismo, política e LGBT são negativas.  À luz dessas considerações, urge que as instituições de ensino, em parceria com ONGs, realizem palestras, discussões e até programas educacionais que estimulem o uso consciente das palavras e das manifestações artísticas, culturais e intelectuais. Como também, a mídia e o poder público, juntos, podem trabalhar a temática e suas inferências em campanhas publicitárias, novelas e aplicativos. Logo, a cordialidade deixará de ser utópica, e tornar-se-á palpável.