Enviada em: 16/10/2018

Durante o governo de Juscelino Kubitschek, instaurou-se, no Brasil, um modelo desenvolvimentista baseado na disponibilidade de atrativos para a instalação de empresas automobilísticas em território nacional. Nesse contexto, certifica-se que a posse de um veículo se tornou um símbolo de status social, em detrimento do meio ambiente. Portanto, é pontual não apenas questionar a gestão governamental no que tange a mobilidade urbana sustentável, mas, também, verificar o papel social nessa questão.        A priori, é tácito que o inchaço urbano contribui para os problemas ligados ao meio ambiente, visto que a quantidade massiva de carros individuais ocasiona em tráfegos caóticos e na emissão de gases poluentes que intensificam o aquecimento global e a chuva ácida. Analogamente, referencia-se que o Brasil é essencialmente rodoviário e, por conseguinte, os investimentos no transporte nacional são destinados à manutenção das estradas. Além disso, as empresas automobilísticas configuram-se como uma parte significativa da economia nacional, sendo desvantajoso para essas a promoção de incentivos as alternativas de locomoção sustentáveis. Afinal, para o sociólogo Karl Marx, a gestão é movida por interesses e não pelo bem estar social.       Sob esse viés crítico, é indubitável a vigência de uma cultura midiática entorno da aquisição de automóveis, uma vez que a ascensão social é mais importante que a manutenção do habitat. Nessa conjuntura, referencia-se o pensamento de Theodor Adorno, teórico da Escola de Frankfurt, que responsabilizou a mídia pela formação dos hábitos sociais. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que o capitalismo dita um modo de vida baseado no consumo e no acúmulo de propriedades, de modo que as propagandas e novelas alimentam a necessidade de usufruir veículos automotivos. Dessa forma, transportes coletivos e o uso das ciclovias como transporte é associado, de maneira errônea, à classe economicamente desfavorecida, demonstrando a relação superficial diante da preservação ambiental.       Logo, mediar ações para reverter esse imbróglio são de responsabilidade governamental e social. Posto isso, cabe ao Ministério do Transporte investir em alternativas de locomoção ecologicamente corretas, a partir da ampliação de ciclovias, melhorias no transporte coletivo e implantação de aluguel de bicicletas públicas com preços acessíveis nos grandes centros urbanos, com o propósito de garantir qualidade de vida para a população e diminuir a emissão de poluentes atmosféricos. Ademais, é papel do Ministério da Cultura estabelecer como meta o incentivo ao uso das opções supracitadas, desconstruindo a relação retrógrada da posse de veículos associada a status social, por meio propagandas conscientizadoras acerca da importância de priorizar o meio ambiente em contrapartida ao individual. Com essas realizações, espera-se obter um desenvolvimento sustentável.