Enviada em: 17/09/2017

Desde o Período Clássico, as polis, ou cidades, foram projetadas objetivando-se o maior desenvolvimento e interação social. Entretanto, com o passar dos séculos, o que era para ser sinônimo de progresso e qualidade de vida acabou transformando-se no oposto: centros urbanos mal projetados, caóticos e excessivamente povoados. No Brasil, uma das consequência deletérias trazidas por tal cenário foi a dificuldade de locomoção em tais espaços. Fatores decorrentes de processo históricos, políticos e socioeconômicos contribuem para explicar o que é hoje um dos maiores desafios do país. Destarte, ações que envolvam a implementação de vias alternativas de locomoção e reestruturação da dinâmica espacial urbana são imprescindíveis para que o país recupere sua mobilidade.       O Brasil, desde o plano desenvolvimentista concebido pelo presidente JK, tem priorizado o transporte rodoviário como principal meio de locomoção. Nesse período, a vinda da indústria automobilística para o país demandava que automóveis fossem adquiridos pala população. Entretanto, o período passou, mas a política de transportes pouco modificou, continuando-se a investir pouco na diversificação dos meios de locomoção e nos transportes coletivos. Destituída de alternativa, a população permaneceu comprando carros, fazendo com que a frota aumentasse e, com ela, os engarrafamentos, a poluição atmosférica e sonora.       Outro complicador desse contexto é o fenômeno da gentrificação causado pela especulação imobiliária nas áreas centrais, empurrando a população para áreas periféricas e concentrando serviços, comércio e empregos nas áreas nucleares. Dessa forma, os indivíduos precisam locomover-se por distâncias ainda maiores e, via de regra, para espaços confluentes, provocando o inchaço e imobilidade do trânsito.       A mobilidade urbana no Brasil é, portanto, pauta a ser priorizada e repensada. Para que a qualidade de vida nos centros urbanos possa ser restabelecida, ações do Ministério dos Transportes, em parceria com Estados e Municípios, visando incrementar os investimentos em vias intermodais e coletivas, são imprescindíveis. Ademais, a reestruturação dos centro urbanos, descentralizando áreas comerciais por meio de políticas de valorização das áreas radiais, como a construção de parques, infraestrutura e redução de impostos imobiliários pelas prefeituras, podem funcionar como aliados neste processo. Afinal, viver bem e em coletividade é o que se almeja desde a Grécia Antiga.