Enviada em: 17/09/2017

O “Plano de Metas”, aplicado por Juscelino Kubitschek (JK), objetivou um desenvolvimento nacional equivalente a meio século em, somente, um mandato de cinco anos. Nesse contexto, grandes investimentos foram destinados à criação de rodovias e obtenção, por parte da população, de modernos automóveis. Tal modal de transporte se popularizou nas décadas posteriores a ponto de, no Brasil hodierno, representar uma problemática social. Entre os fatores que corroboram para desafios da mobilidade urbana apresentados no século XXI estão a ação de instrumentos midiáticos e estatais.                     A priori, deve-se reconhecer a influência dos veículos de comunicação nas preferências dos brasileiros. Para Karl Mark, o consumismo é uma ideologia imposta socialmente que produz efeitos significativos na população através da transmissão de imagens consideradas “ideais de vida”. Dessa forma, a supervalorização midiática dos meios de transporte individuais, como carros e motos, contribui para a elevada frota veicular nacional: 19 e 50 milhões, respectivamente, para este e aquele, conforme destaca o Departamento Nacional de Trânsito. Como efeito, tem-se, entre outros, os frequentes congestionamentos, excesso de emissão de poluentes e danos à saúde física e mental dos cidadãos, aspectos que requerem soluções.                   Em paralelo, constata-se que a atuação do Estado reforça o problema da mobilidade nos centros urbanos. Através de políticas de amenização fiscal, como a redução ou isenção do imposto sobre produtos industrializados (IPI), a concentração de veículos nas cidades é adensada. Somado a isso tem-se o déficit qualitativo dos serviços públicos de transporte e a ausência de infraestrutura adequada para a adesão aos meios de locomoção alternativos e sustentáveis, como as bicicletas, que contribuem para a problemática. Diante de tal situação, o Ibope constatou que 61% da população substituiria os carros por conduções coletivas, caso estas funcionassem plenamente. Tal resultado demonstra a possibilidade de melhorias citadinas se maiores investimentos forem aplicados no setor.                  Destarte, faz-se necessária a promoção de políticas alternativas oriundas do meio midiático e estatal para amenizar a crise de mobilidade urbana no país. Para tanto, mecanismos como a televisão, as rádios e a internet devem apoiar ações desenvolvidas por organizações não governamentais (ONGs) através de campanhas que exaltem o uso de transportes coletivos, “caronas solidárias” e benefícios de caminhadas e uso de bicicletas. Ademais, como forma de desmotivar o uso dos veículos individuais, as Secretarias Estaduais de Transporte precisam implantar pedágios urbanos e, com o dinheiro coletado, investir na criação de ciclovias, além de manutenção e barateamento das conduções públicas. Dessa maneira, a longo prazo, os malefícios apresentados na hodiernidade podem ser, enfim, minorados.