Enviada em: 13/09/2017

É indubitável que, em uma época na qual se preze pela qualidade de vida, a discussão sobre a mobilidade urbana torne-se fundamental. No Brasil, um dos principais fatores desse problema é a herança histórica da política rodoviarista iniciada pelo governo JK e continuada até a ditadura militar, em que apenas um modal de transporte foi priorizado em detrimento de todos os outros, gerando um afunilamento nos deslocamentos por todo o território nacional. Essa constatação exige uma reflexão sobre os principais aspectos que causam esse problema diário na vida de milhões de brasileiros.       Em primeira instância deve-se considerar os fatos sociais propostos por Durkheim, em que os interesses coletivos sobrepõem-se sobre os individuais. Nesse contexto, a ideia de possuir um carro surge como, para o senso comum, sinônimo de poder e status social, e aquele que não segue tal regra acaba sofrendo algum tipo de sanção. Esse fato aliado aos inúmeros benefícios dados pelo governo na hora de comprar um veículo, gera problemas gravíssimos para as populações das grandes cidades, como engarrafamentos quilométricos e problemas respiratórios devido os gases poluentes emitidos por esses meios de transporte, diminuindo consideravelmente a qualidade de vida nesses locais.       Superlotação, falta de segurança, veículos sucateados. Esses são apenas alguns dos fatores de repulsão que, infelizmente, tornam os transportes públicos sempre a última opção na hora da escolha do brasileiro, gerando um aumento significativo na utilização de veículos individuais pela sociedade. Sob essa ótica, torna-se necessário ressaltar a ineficácia do Estado, uma vez que caberia a este garantir a eficiência deste direito social garantido pela constituição. No entanto, é de conhecimento geral que isso não ocorre, recorrendo ao transporte público apenas aqueles que não possuem outra opção.        Em suma, fica evidente que a mobilidade urbana é uma questão que necessita de uma intervenção. Por isso, cabe ao Ministério dos Transportes, através de parcerias público-privadas, aumentar significativamente o número de transportes de massa pelo país, visando diminuir o problema da superlotação. Além disso, compete ao Governo Federal, através de parcerias com a mídia, a veiculação de comerciais televisivos que estimulem o uso de transportes alternativos (como a bicicleta), visando diminuir o número de carros nas ruas, consequente resolvendo o problema do engarrafamento e melhorando a qualidade de vida de toda a sociedade.