Enviada em: 25/09/2017

A urbanização, tal como conhecemos hoje, é um fenômeno contemporâneo com origem na Revolução Industrial. Nesse sentido, a expansão da atividade fabril criou empregos na zona urbana, o que levou a população da área rural a migrar cada vez mais para as cidades em busca de melhores condições de vida. No entanto, nota-se que, no Brasil, esse processo ocorreu de maneira desorganizada e gerou uma série de entraves, principalmente, no que se diz respeito a mobilidade urbana. Nesse cenário, convém analisar as principais causas e consequências desse problema.  Primeiramente, é importante pontuar que o processo de espoliação urbana acaba por resultar na segregação socioespacial. De fato, a concentração de diferentes grupos sociais em determinadas áreas da cidade revela que aqueles com maior poder aquisitivo ocupam regiões mais centrais e com maior disponibilidade de serviços públicos, enquanto que os mais desfavorecidos ficam restritos a bairros periféricos. Sendo assim, nota-se que há um desrespeito a dignidade humana de ir e vir, uma vez que essa população, além de ter dificuldades de acesso aos serviços ofertados, dispendem de um maior tempo e gastos com deslocamentos, comprometendo não só a renda,mas também a qualidade de vida.  Além da questão social, nota-se que o transporte público também é um problema de mobilidade urbana. Sem dúvidas, nas metrópoles brasileiras, o sistema de transporte público está longe de atender a população de maneira eficaz. Isso ocorre porque o valor dos serviços prestados  não condizem com a sua qualidade, uma vez que os ônibus realizam percursos muito demorados e extensos, o que implica superlotação e longa espera dos usuários nos pontos de parada, refletindo a falta de planejamento desse sistema.Como resultado, os indivíduos tem optado pelo uso de carros individuais, o que tem intensificado ainda mais os problemas com congestionamentos.  Fica claro, portanto, que os desafios da mobilidade urbana se encontram em questões sociais e estruturais.Dessa forma, é necessário que a Receita Federal destine uma maior parcela dos impostos arrecadados às prefeituras municipais para que estas invistam em uma maior quantidade de frotas de ônibus aos bairros periféricos, a fim de que reduza o tempo gasto no deslocamento até as áreas centrais. Ademais, os governos estaduais devem dar suporte financeiro aos municípios de modo a investir em sistemas modais alternativos, como metrôs, com a finalidade de aliviar o trânsito dentro das cidades. Finalmente, torna-se importante um engajamento da população, a partir de propagandas midiáticas que estimulem as caronas solidárias, o que seria uma alternativa para a redução dos congestionamentos.