Enviada em: 21/09/2017

Cidades inchadas: mobilidade prejudicada       No documentário “Encontro com Milton Santos: O mundo global visto do lado de cá”, o geógrafo Milton Santos explora a relação entre a atual globalização e o subdesenvolvimento do Brasil. Nesta, define-se o caráter ambíguo desse elo. De um lado, há a proposta do encurtamento de distâncias e da maior mobilidade urbana; do outro, porém, há a desorganização das metrópoles e as consequências de uma urbanização ao mesmo tempo acelerada e sem planejamento. No Brasil, tal ambiguidade é evidente no dia-a-dia das metrópoles. Procurou-se inserir o país de uma forma rápida e desordenada no mundo globalizando, em troca, porém, definhou-se as relações urbanísticas das cidades, sendo estas sinônimos de trânsito, de congestionamentos e de caos.        Esta desordem urbana nas metrópoles brasileiras está intrinsicamente ligado ao processo de urbanização destas. Durante a metade do século XX, houve no Brasil, por exemplo, o ambicioso “Plano de Metas”, no governo de Juscelino Kubitschek, o qual visava inserir o país no ciclo de produção global. Para isso, porém, dispensou-se planejamentos e vigorou o inchamento urbano, fenômeno geográfico, conhecido como macrocefalia urbana. Neste fenômeno, as cidades crescem de forma desgovernadas, sem planejamento e, com isso, há uma intensa periferização das cidades. Nesta problemática, então, torna-se ainda mais difícil criar políticas efetivas de transporte público, por exemplo, devido a extensão das cidades.        Neste panorama de urbanização sem planejamento, há, de forma consequente, um prejuízo na saúde mental dos cidadãos. Como defendido por Sigmund Freud em seu livro “O mal estar na civilização” há uma correlação entre as necessidades individuais da população, como uma melhor mobilidade urbana, em detrimento a uma opressão sistematizada da “civilização” - ou seja, o progresso das metrópoles. Sendo assim, ocorre um aumento no número de casos de stress, de depressão e de ansiedade, por exemplo.         Na problemática da mobilidade urbana, observa-se metrópoles macrocefálicas e com dificuldades em gerenciar suas vias. Tal fato, em consequência, agrava a saúde da população, em especial, casos de stress. No intuito de solucionar esse problema o Ministério da Educação poderia propor uma campanha para os estudantes do Ensino Médio. Nesta, os jovens seriam responsáveis por criar um vídeo viral para disseminar uma nova proposta: um dia de consciência da mobilidade urbana. Além do rodízio metropolitano, então, propagaria-se a ideia de mais um dia para utilizar o transporte público e evitar os automóveis, por exemplo.