Enviada em: 07/10/2017

Apesar do encurtamento das distâncias, há um alargamento do tempo de transporte, especialmente, nos grandes centros brasileiros. Isso se dá, entre outras, em razão da insuficiência do transporte público e da priorização do particular. Assim, por enfrentar problemas objetivos e subjetivos a mobilidade urbana se mostra um desafio nacional.      Primeiramente, é possível apontar que a defasagem estrutural prejudica o transporte público. Em um país onde as empresas de transporte não têm obrigações de prestação adequada do serviço, a medida mais lucrativa é sempre tomada, mesmo que isso precarize o serviço prestado e custe qualidade ao passageiro, como atesta a negligência com relação à manutenção da frota de veículos. Dessa forma, a liberdade excessiva das empresas de transporte culmina na falta de segurança e conforto dos clientes.     Outro ponto a ser considerado é a elevação subjetiva do transporte privado. Para Durkheim, a consciência coletiva é capaz de coagir os indivíduos a agirem de acordo com as regras de conduta prevalecentes. Seguindo essa linha de pensamento, é possível perceber que, no Brasil, impera uma visão que associa o veículo à poder aquisitivo, sendo esse apenas uma ferramenta de afirmação social, como prova o desejo instintivo que os adolescentes sentem, cada vez mais precocemente, de dirigir um carro. Desse modo, a mobilidade urbana é prejudicada pela coercibilidade superior do veículo privado.    Torna-se evidente, dessarte, que o transporte público deve ser revitalizado e priorizado coletivamente. Para tal finalidade, o Governo Federal, enquanto órgão competente, deveria multar, com rigor e cautela, as empresas que não proporcionam o transporte público adequadamente, por meio de visitas frequentes de fiscais e auditores, para que passem a promover um serviço de qualidade. Ademais, cabe a mídia, na função de formadora de opinião, levantar o debate, na forma de ficção engajada ou reportagem, sobre a questão do uso de transporte privado, expondo as consequências dessa prática para a mobilidade, para que as pessoas repensem e propaguem a mobilidade de massas como valor.