Enviada em: 01/11/2017

Urbanização acelerada, o modelo rodoviarista de Juscelino Kubitschek, juntamente com o lema "governar é abrir estradas" de Washington Luís, contribuíram significativamente para que, desde o século XX, o automóvel fosse o principal meio de transporte por conveniência. Atualmente, as consequências do período industrial brasileiro compõem o cenário das grandes cidades: trânsito caótico, superlotação e aumento das tarifas.    De início, é necessário cobrar aos gestores públicos a plena realização do direito de ir e vir, garantido pela Constituição Federal. Grande parcela da população brasileira opta pelo transporte individual não só pelo status social conferido ao carro, como também, pela precariedade do serviço coletivo e sua superlotação. A classe dominada, como diria Karl Marx, constitui uma demanda desproporcional à frota de transportes de massa - ocasionando superlotação - devido a falta de investimento no transporte público e em outras modalidades de translado. Contudo, é comum para ambas as classes ter sua migração pendular afetada pelo congestionamento dos grandes centros urbanos e das metrópoles.   Além disso, a maioria das cidades brasileiras não é projetada para fornecer outras modalidades de transporte e os próprios gestores não incentivam à adoção de uma locomoção alternativa. Tomando como exemplo as ciclovias, que é um investimento mais barato e uma solução a curto prazo se comparado a outros modais, somente as capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília contam com mais de 200 quilômetros de ciclovia na área de transporte. Assim como houve a criação de políticas públicas para financiar um automóvel, é fundamental, portanto, o incentivo do Estado para expandir as ciclovias e facilitar a compra de bicicletas.   Tendo em vista que desprezar o direito à locomoção atinge diretamente o desenvolvimento do país, é crucial a adoção de medidas para resolver esse impasse. Dessa forma, o governo federal deve firmar parceria com a iniciativa privada, a fim de fornecer transportes públicos de qualidade e em grande quantidade para atender a alta demanda. Além disso, os gestores públicos devem investir fortemente em estrutura para metrôs e ciclovias, com o objetivo de diminuir o inchaço urbano. Outrossim, a sociedade, no que lhe diz respeito, deve sempre recordar da luta da "Manifestação dos 20 centavos" quando assistir ao retrocesso dos seus direitos. Por fim, as grandes metrópoles, quando necessário, podem aderir estratégias inteligentes como o rodízio de placas, realizado no estado de São Paulo, para facilitar o deslocamento.