Enviada em: 29/09/2017

Entende-se por mobilidade urbana a condição em que se realizam deslocamentos de pessoas ou cargas no espaço urbano. Nesse contexto, a capacidade ir e vir é assegurada pela Constituição Federal de 1988. No entanto, em vista da intensa urbanização e da ausência de investimentos, a mobilidade urbana, que está intimamente relacionada com a qualidade de vida, no Brasil apresenta diversas falhas no que concerne à qualidade dos serviços, ampliando significativamente a insatisfação dos indivíduos que necessitam dos meios de transporte para locomoção diária.        Na década de 1960 do século passado, houve um desproporcional incentivo ao modelo rodoviário, pelo ex presidente Juscelino Kubitschek, viabilizado pela presença de multinacionais automobilísticas e construção de uma imensa malha rodoviária, ficando, em segundo plano, o modelo ferroviário e outros transportes alternativos. Nesse sentido, o atual contexto de urbanização, dentre outros motivos, dificulta a implementação de tais modais: o êxodo rural e a industrialização ocasionaram a macrocefalia urbana, que por sua vez aumenta o tempo de deslocamento, em função dos alto número de automóveis. Além disso, o transporte público, que seria uma alternativa, é falho no que diz respeito à qualidade: tarifas altas, sucateamento e falta de segurança são fatores agravantes do problema e provocam o descontentamento da população, a exemplo das manifestações de junho de 2013, em que foram reivindicadas a revogação do aumento de vinte centavos na tarifa do ônibus.        Além disso, com a continuidade do incentivo ao consumo pelas empresas e mídia, o uso de transporte individual tende a crescer em detrimento do modelo ferroviário - que embora tenha baixo custo de manutenção, possui alto custo de implementação - ideal para o padrão de migração sazonal. Ainda assim, segundo pesquisas, a exposição a duas horas no trânsito equivale a fumar dois cigarros,o que evidencia a contribuição de veículos para a poluição atmosférica, comprometendo a saúde da população e o meio ambiente. Soma-se, por fim, a baixa qualidade de vida, que além da insatisfação, prejudica a produtividade do trabalhador e as relações interpessoais.       Diante do exposto, faz-se necessária a adoção de medidas para a mitigação do problema. A longo prazo, é necessário investir em um modelo intermodal de mobilidade. Assim, cabe aos entes do Governo Federal, a implementação de metrôs, trens, VLTs, BRTs e ciclovias, estabelecendo convênios com a iniciativa privada e inserindo nos orçamentos municipais, estaduais e da união. Já a curto prazo, o Ministério do Transporte pode promover campanhas publicitárias que incentivem o uso do transporte alternativo, como a carona coletiva e o transporte público. Por fim, cabe ao cidadão a luta política na construção da mobilidade, cobrando ações dos governantes eleitos democraticamente.