Enviada em: 07/05/2018

A expressão artística é subjugada por uma parcela da sociedade brasileira. Os ideais, denúncias e abordagens por trás das obras são, muitas vezes, incompreendidos e analisados sob uma perspectiva restritiva das possibilidades que a arte pode sugerir e transformar em determinados contextos sociais. O não entendimento desse poder é reflexo da ausência de uma educação analítica, questionadora e expressiva somado ao desinteresse governamental no que concerne à cultura.                 Em primeira análise, cabe entender o papel do processo educacional na percepção dos valores e formas de exteriorização de sentimentos dos indivíduos. No Brasil, estuda-se a história da Arte de forma passiva, apenas como mais um conteúdo a ser visto e avaliado em provas. Diante disso, o estudante não se interessa pela análise crítica de obras, contexto em que foram produzidas e importância delas para a sociedade. Diversas músicas produzidas durante a ditadura militar, por exemplo, revelam a censura e a tensão social tal como em "Cálice" de Chico Buarque e, quando expostas em aula, podem contribuir na assimilação de conhecimentos e melhora no senso crítico.              Outro aspecto que se constitui como um entrave na produção artística brasileira é o desapreço que o Estado tem na formação cultural da população. Isso porque não é interessante para ele investir em algo que, periodicamente, usa das cores, melodias, literatura para questionar a realidade e que pode se voltar contra as condutas do governo. Além do mais, muitos políticos não concebem a ideia de que a arte não precisa ficar enclausurada em paredes sóbrias de gabinetes ou mansões. Dessa forma, não é espantoso o fato do prefeito de São Paulo, João Dória, ordenar que o cinza da uniformidade vença a multiplicidade de cores e linguagens dos grafites na avenida 23 de Maio.                Fica claro, portanto, a necessidade de um novo olhar sob as produções artísticas na construção de uma sociedade mais crítica, flexível e menos paradigmática. Para isso, o Governo Federal, mediante o Ministério da Cultura, disponibilizar mais recursos para investir em artistas nacionais e inserir essas produções dentro das escolas. Ademais, o referencial curricular deve permitir aulas interdisciplinares como Arte e História, por exemplo, com o intuito de aumentar o repertório cultural dos alunos e permitir que eles enxerguem as contribuições das expressões artísticas nas transformações sociais. Aos artistas é essencial que formem conselhos locais e analisem o conteúdo de suas produções, limitações jurídicas, reivindicações perante o poder público para que se forme um grupo fortalecido na conscientização política e social do poder presente nas mais variadas formas de Arte. Diante disso, a Arte terá sua funcionalidade e intencionalidade respeitadas.