Enviada em: 06/05/2018

A Semana da Arte Moderna de 1922 representou um marco imperioso no contexto artístico brasileiro, ao passo que impulsionou as produções que valorizassem a cultura do país. Além disso, o evento, inserido em uma época de conflitos políticos e econômicos ratificou o papel social da arte. Entretanto, hodiernamente, é notória a falta de valorização da produção artística, seja por uma inobservância estatal, seja por um corpo social que estigmatiza a arte.       Deve-se pontuar, de início, que não obstante o Estado disponha de políticas públicas como o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC) - instituído pela Lei Rouanet - a falta de amplitude dos programas dificulta a democratização. Isso acontece porque, a maioria dos eventos artísticos que recebem o auxílio estatal possuem alto teor midiático e não atingem todas as esferas da sociedade, sobretudo, as minorias. Em consequência disso, o acesso aos conteúdos artísticos tornam-se restritos a determinados grupos - com ênfase aos de maior poder aquisitivo - o que corrobora para que os artistas de pequeno porte tenham dificuldade na promoção de seus projetos. Além disso, a carência de embasamento da arte no campo educacional, principalmente, público, também contribui para que a mesma não receba a importância devida, visto que, o ensino público não dispõe de mecanismos que apresentem aos estudantes a arte como um segmento de expressão, o que dificulta a valorização.       Vale ressaltar, também, que a falta de reconhecimento da arte como um elemento de formação cultural, contribui para a estigmatização. Isso decorre devido ao pensamento errôneo de que a arte é algo de apreciação elitista ou sem importância, o que gera, inclusive, preconceito para com os profissionais da área. Segundo dados do Serviço Nacional do Comércio (SESC), seis em cada dez brasileiros nunca foram ao teatro, o que evidencia a falta de apreciação artística mesmo em eventos acessíveis, cujo valor da entrada é baixo. Dessa maneira, o pouco prestígio da arte pela sociedade influi decisivamente para que manifestações, como o grafite, sejam vistas de forma deturpada, devido à falta de percepção das expressões que a arte assume.        Infere-se, portanto, que é fundamental a mitigação dos desafios da produção artística no Brasil. Para que isso ocorra, o Poder Legislativo, deve reformular o PRONAC, priorizando o fomento de incentivos às produções artísticas de atores com pouca relevância midiática e de projetos que tenham as minorias como público alvo, com o intuito de democratizar o acesso. Ademais, cabe ao Ministério da Educação, reestruturar a disciplina de artes, por intermédio da designação de recursos específicos para que as escolas possam realizar aulas mais temáticas e expositivas, buscando disseminar aos estudantes, uma visão da arte como algo intrínseco à formação cultural e de acesso universal.