Enviada em: 26/06/2017

Embora a arte, geralmente, seja entendida como atividade humana ligada á manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada a partir da percepção, das emoções e das ideias, como o objetivo de estimular essas instâncias da consciência do ser humano, é importante saber que não se pode defini-la.  A arte não possui nenhum conjunto de propriedades necessárias e suficientes; logo, uma teoria acerca dela seria logicamente impossível. Apesar disso, alguns grupos sociais insistem em julgar de forma pejorativa determinados movimentos artísticos - principalmente os de rua, depreciando o que não lhes agrada e ditando o que é uma legítima obra de arte. Essa postura preconceituosa que acaba por delimitar a arte serve de gancho para que os governos (municipais e estaduais) se sintam no direito de intervir, reprimir e até criminalizar determinados artistas e seus movimentos.       É partindo desse pressuposto que se pode observar o cenário de fragilidade em que se encontra o artista brasileiro, como se não bastassem as terríveis décadas de 60, 70 e meados dos anos 80, com toda a repressão artística daquela época, vive-se, no Brasil, outra ditadura, agora silenciosa e velada, vindo de cima para baixo; das camadas mais altas até atingir as mais baixas da pirâmide social. A censura e a violência contra grupos invisíveis e / ou marginalizados socialmente continuam a existir. Os movimentos populares são cada vez mais reprimidos e criminalizados no Brasil.        Além disso, a arte é ditada dos mais ricos para os mais pobres, e o Estado favorece tal situação ao reprimir a arte de rua, como o grafite, por exemplo. Esses fatores representam apenas alguns dos desafios que a produção artística no Brasil enfrenta, ademais, os recursos destinados à movimentos artísticos e à artistas independentes são extremamente escassos e burocráticos, ou seja, além de toda dificuldade oriunda do preconceito de classes da sociedade e da repressão por parte do Estado para com a arte urbana, o artista não pode contar, ao menos, com uma assistência governamental.        Para que se reverta, portanto, esse quadro totalmente desfavorável à produção artística no Brasil, é de grande importância, primeiramente, que seja criado um espaço de diálogo em cada município, onde entidades dos governos - estaduais e municipais - se reúnam juntamente às associações e coletivos de artistas urbanos, a fim de colocarem em pauta possíveis soluções para as questões urgentes do movimento artístico brasileiro. Outra medida importante seria a criação de campanhas publicitárias de incentivo à cultura e de combate ao preconceito artístico e a criminalização da arte de rua; também se faz necessário que os recursos destinados à Secretaria de Cultura de cada estado sejam devidamente fiscalizados pelos órgãos competentes, para que seja garantido, então, que as verbas de apoio à movimentos e produções artísticas no país estejam sendo repassadas corretamente.