Enviada em: 02/07/2017

Quando falamos em produção artística no Brasil tendemos a pensar, imediatamente, em música ou algo próximo da literatura. Não se pode olvidar que são estas, formas genuínas de se produzir conteúdo artístico, mas não se pode esquecer que a amplitude da cultura brasileira faz com que se torne possível a expansão artística em outros moldes. Como grande exemplo dessa diversidade podemos citar o grafite, um dos ramos das artes plásticas que sempre foi apontado como "pichação" e amplamente associado ao crime. O grafite traz consigo um quê de liberdade de expressão que se traduz em desenhos e formas que sempre tentam nos dizer algo. Na maioria das vezes, esse algo é uma crítica à sociedade de forma velada, haja vista a existência de grandes empecilhos para transformar os desenhos em algo que possa ser interpretado e entendido por todos. A questão de reprimir e até mesmo aumentar a pena para o ato não trará o benefício que se espera, que é reduzir o número de muros pintados. Por outro lado, tornar isso um crime com pena mais gravosa faz com que a ideia que se tenha é que aquilo seja um perigo real à sociedade. Enquanto isso, o que se deve fazer é dar voz aos artistas para que eles possam exprimir suas opiniões através da arte. O desafio existe quando expor esse trabalho de forma agressiva é a única opção para alguém cujo talento é considerado crime. É necessário que o governo adote medidas com vistas a promover locais onde o grafite possa ser exposto, de modo a colocar os artistas em um outro patamar mais alto que o de simples "pichadores". Saber reconhecer a arte onde quer que ela se encontre é difícil, ainda mais quando nos referimos a uma cultura na qual tudo isso é marginalizado. Valorizar cada um de acordo com as suas desigualdades e qualidades ímpares é a chave para harmonizar o pensamento coletivo.