Enviada em: 18/08/2017

Em prol da arte hodierna         No limiar do século XIX, com a chegada oficial da colonização portuguesa ao Brasil, cultivou-se um conceito de arte obsoleto, incondizente com a sociedade da época. Todavia, percebe-se, atualmente, que a falta de incentivo à arte popular brasileira persiste intrinsecamente associada à realidade brasileira, seja pela insuficiência das leis; seja pelo tradicional modo de lidar com a problemática.      Em 1808, a Casa de Bragança chegava ao Brasil, trazendo consigo um conjunto de artistas franceses para demonstrar todo o gozo da corte portuguesa. Dessa época, até a pós-modernidade de Stuart Hall, tornou-se notório que o financiamento à arte erudita estrangeira seria preponderante, perpetuando a dificuldade de manifestações artísticas populares alcançarem êxito. Nesse contexto, pode-se afirmar que a supressão dessas- como o movimento ocorrido em São Paulo, no qual o prefeito sancionou um projeto que apagou inúmeras artes de grafite- é uma problemática do passado que encontra-se entrelaçada com a dificuldade de expansão da arte popular do presente.      Outrossim, é incontrovertível que a questão constitucional esteja entre as causas do impasse. Segundo Saint-John Perse, a democracia, mais do que qualquer outro regime político, exige o exercício da autoridade, em prol de assegurar o bem comunitário. Nesse sentido, evidencia-se que a ausência de leis governamentais- que garantam a segurança da expressão artística da população- vai de encontro à tese do sociólogo, haja vista, que contribuem tanto para a ausência de investimento no setor, quanto restringindo a difusão dessa parte da cultura brasileira.      Destarte, é evidente que medidas são necessárias para mitigar o impasse. O Governo Federal, por intermédio do Ministério da Cultura, deve criar projetos sociais que contribuam não apenas para a difusão desse modo de expressão, mas também para o rompimento da idealização do erudito. Ademais, a atuação do Legislativo seria pertinente, sancionando leis que promovam a segurança da expressão artística popular, em locais públicos especializados e de grande alcance à população. Por fim, é indispensável a atuação da mídia, que deve contribuir para expansão dessa produção, por meio de telejornais e novelas, nos meios de comunicação.