Enviada em: 22/09/2017

Elitização cultural         A arte é um dos principais aspectos socioculturais das sociedades, tendo sua definição variando no tempo e no espaço. Sua importância se dá, não só por proporcionar experiências estéticas, mas também por preservar e retratar ideologias, hábitos e pensamentos sociais. O que se vê, pois, no Brasil, são os marcantes desafios para democratização da produção artística, os quais se mostram consideravelmente nocivos à vida em comunidade.        Em primeiro plano, é indubitável que a globalização está entre as causas do problema. Segundo Carl Jung, os indivíduos nascem originais e morrem cópias. Ou seja, pode-se perceber que, embora a facilidade de comunicação resulte em uma maior interação entre diferentes costumes, esse sistema não se dissemina de forma igualitária, de modo que alguns centros economicamente predominantes transmitem em maior número seus elementos culturais. Assim, com base em uma referência dominante, a arte produzida em território nacional sucumbe a um processo global de homogeneização.       Outrossim, reconhecer a arte, além da sua expressão cultural, como elemento que promove inclusão social e a cidadania é fundamental para que se cumpra seu papel social no país. O mecenato, vigente durante o Renascimento, era definido como incentivo monetário aos artistas, favorecendo a participação de núcleos com maior poder aquisitivo na produção de artes e conhecimento. De maneira análoga, nota-se que as disparidades socioeconômicas dificultam tanto um maior acesso de classe de baixa renda às fontes artísticas, como música e literatura, quanto a difusão de produções heterogêneas na medida em que há fatores como preços elevados em grandes centros e a marginalização de práticas culturais periféricas.       Kant entende, em linhas gerais, que o homem é aquilo que a educação faz dele. Logo, é fundamental que as escolas criem oficinas de teatro, dança e pintura, como forma de valorizar mais o fazer artístico em meio a vida de jovens, com o objetivo de que cresçam cientes de sua relevância para a sociedade. Ademais, cabe ao Governo Federal, em conjunto com a mídia e redes sociais, o investimento em propagandas que levem à população o trabalho de artistas brasileiros de diversas regiões e com diferentes estilos, afim de que haja uma ampla conscientização e incentivo aos que almejam essa carreira. Dessa forma, quem sabe, os efeitos da atual elitização cultural possam ser mitigados.